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sábado, 25 de fevereiro de 2017

ter um anexo da alma, leitura e escrita

"No ano em que Alicia Gris chegou a Madrid, o seu mentor e titereiro, Leonardo Montalvo, ensinou-lhe que qualquer pessoa que queira conservara  sanida de de espírito precisa de um lugar no mundo onde possa e deseje perder-se. Esse lugar, o último refúgio, é um pequeno anexo da alma, onde, quando o mundo naufraga na sua absurda comédia, podemos sempre esconder-nos, trancar a porta e deitar fora a chave."
Carlos Ruiz Záfon, O Labirinto dos Espíritos


O meu é a palavra - a escrita e a leitura. 
Não posso deitar fora a chave, porque a comédia lá fora exige que regresse sempre, mas, depois de quase duas semanas em que  uma e outra me foram (quase) impossíveis, apetece-me trancar-me um bocado. 

Terminadas todas as fases que posso controlar do livro que está mesmo prestes a sair (faltam aspectos gráficos e de organização que não me competem), regressei à escrita de uma história que me é difícil. Voltei ao início, vou relendo e revendo para me localizar e voltar a estar imersa na história, e apanho-me, no fim de uma sessão matinal de uma ou duas horas, embalada e angustiada. Este pode ser o meu melhor ou o meu pior livro, posso conseguir ou não acabá-lo, pode vir a ser ou não publicado, mas sai-me do pêlo. Desconfio que não será uma história longa, porém. 

E posso regressar à leitura do Záfon, um refúgio bem menos doloroso para a palhaçada deste mundo. 

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