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sexta-feira, 3 de junho de 2016

casa

tinha onde pôr
os pés
descalços
onde pousar a bolsa
onde largar
o corpo
ao fim de um dia
havia só seu
um canto de sofá
feito à curva
habitual
um prato um garfo
havia gente sua

chamava-lhe casa
e era coisa
de mais do que tinta
nas paredes
era de uma moldura
que escolhera
de uma mantinha
dobrada
da cor das cortinas
da luz do sol
era de si
e de um copo
de vinho
tinto
de um livro
do odor familiar
do silêncio
tão bom o silêncio
que vinha
um certo lar