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sexta-feira, 20 de maio de 2016

media res

gosto de chegar ao poema
como a um quadro
a meio da história
adivinhar coisas nas margens
da imagem
coisas nas margens
da palavra
um antes um depois
um correr do tempo para além
desse momento
um espaço vasto
gente por trás da cortina
nos bastidores

que o poema nasça
fora de si mesmo
e se ponha
depois da última linha
e como num quadro
haja para ler
muito mais do que as tintas
mais do que as formas
uma intenção
um segredo
uma vida
brote em media res
e assim se acabe

ou não é nada



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