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sexta-feira, 29 de abril de 2016

E se fosse famosa? Esta foi a pergunta de um milhão.

Nesta quarta feira, participei na actividade "Conversa com Escritores" na minha escola. Uma autora juvenil convidada e eu conversamos com alunos de 7º e 8º ano que eram, por acaso (ou não, tenho tantas turmas!) todos meus alunos.

Colocaram algumas perguntas interessantes. Uma ficou-me, embora no momento o rapaz que a fez a tenha enunciado de forma tão arrevezada que não a entendi logo. A questão era, afinal, ingénua como é natural em jovens desta idade, mas interessante. E se...? Descodificando, parece que ele queria saber:

"E  se de repente ficasse muito famosa, como lidaria com isso? Conseguiria continuar a escrever?"


A autora que estava comigo, Maria Alice Sarabanda, confessou logo que, por ser tímida, teria extrema dificuldade em lidar com a exposição e talvez optasse por não escrever mais nada. E eu? Que faria eu? 

Não cheguei a responder. Não deixaria de escrever, isso é certo, nem de publicar. Escrever doi-me - porque me sinto sempre àquem - mas também me traz prazer. Saber que o posso partilhar com outros é muito bom, e se o pudesse partilhar com mais pessoas, melhor, mesmo sabendo que cada leitor pode adorar, odiar, ficar indiferente... não sei o que será pior. Se muita falta de tempo e alguma falta de reconhecimento (que posso  merecer ou não, mas desejo tanto quanto qualquer outra pessoa) não me derrubou, tê-lo, para o bem ou para o mal, não me deitaria abaixo. 

A exposição... como lidaria com ela, eu que também sou tímida e tenho tendência para o isolamento? Obriguei-me, a muito custo, a aprender a sair da minha casca e a disfarçar os momentos de aflição em que é preciso fazer conversa de ocasião com um desconhecido e quase me dá a falta de ar. Disfarço mesmo muito bem, creio que quem já se cruzou comigo não deu por nada. 

Na verdade, não creio que tivesse de preocupar-me com o público em geral - isso é coisa para os actores e cantores, ou as caras conhecidas da TV e filmes. Feliz ou infelizmente, a maioria dos escritores não é reconhecido só por isso, ou é-o apenas depois de muitos anos e muita água debaixo da ponte, porque surgem prémios ou outras noticias. Não sei, ainda assim, se o público em geral identifica a cara que conhece vagamente ou sabe apontar títulos... Aí estaria segura. Quando muito, seria reconhecida entre pares e pelos leitores, que não são exactamente criaturas de multidão, a não ser na FLL! Seria pequeno o risco de me ver perseguida por paparazzi! Eheheheheh. 

E os pares? Seria capaz de não me sentir ínfima perante os que eu sei que escrevem mais e melhor do que eu? Envergonhada? Nua? Essa sim, é uma excelente pergunta. Não sei responder, nem sei se importa... gosto de escrever e pronto!

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