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terça-feira, 29 de setembro de 2015

o mistério bastar-se-à

É provável que não
se vislumbre
o fim abrupto dos carris
que a falésia se oculte na névoa
Muito provável que
no término do poema
se emudeça
que as luzes se extingam
muito cedo
se cerrem mandíbulas
no cérebro.
Não será porém a mão do anjo
ou a voz do demónio
no sopro ilusório do vento
tudo é homem
no gesto de fazer caminho.
Levanta os pés humanos
a sugestão
de prados suaves,
de doces encostas,
de lagos profundos
florestas escuras,
oceanos,
outras peles,
a máquina,
o edifício,
o espaço aberto.
Na descoberta,
o mistério bastar-se-à,
onde não se sabe, saber-se-à.





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