Páginas

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Ausência justificada

Há dias que não fecho o texto de O Ano da Dançarina... No Ano da Dançarina... A Dançarina... isto veremos. Tê-lo sempre aberto significa que lá vou sempre que me sobra um bocadinho, porque agora que acabaram as férias e ando a mil é que me apetece finalmente escrever. Mal venho ao blogue. 

Decidi fazer de conta que isso importa, ahahahah, e mostrar o que me mantém longe - ai, pobres de vós, o que hão de fazer sem postas no monstro? - com um "docinho": um excertozinho do que ando a fazer, unedited, claro. Sintam-se livres de dizer se vos parecer mal, mal, mal. 


      "Trepou com exasperante lentidão o lance de escadas até ao primeiro andar onde ficavam o consultório e a habitação do médico, à direita e à esquerda respectivamente, e empurrou a porta do gabinete, aberto durante as horas de atendimento. Custódia sorriu-lhe, sentada como de costume à sua secretária na salinha de espera, decorada com quatro confortaveis cadeiras de braços, um grande vaso ao canto e cópias de quadros de Renoir e  Monet nas paredes.
- Veio cedo. – declarou, indicando com o queixo a única paciente que esperava, uma senhora de alguma idade com uma pluma roxa no grande chapéu, tão empertigada que lhe lembrou um mosqueteiro. – Terá de esperar um pouco, senhor Nicolau.
- Não tem importância nenhuma. – Dirigiu à cliente que esperava um aceno educado. – Muito bons dias, minha senhora.
- Bom dia.
Remeteram-se ambos a um silêncio conformado, cortado apenas pelo correr insconstante do aparo de Custódia no papel e pelo clique-clique dos ponteiros do relógio de parede.  Não tardou a que Mendes de Almeida abrisse a porta do seu consultório e escoltasse um homem alto até à porta.
- Não se esqueça de que a medicação e a dieta que lhe recomendei são essenciais. O homem concordou, ainda que com ar mal conformado e Nicolau suspeitou que era a dieta e não os remédios que o contrariava. Provavelmente fora proibido de beber álcool e de comer jaquinzinhos e outras frituras. Escondeu um sorriso. Antes ser manco. Levantou-se mais depressa do que devia quando a senhora de idade se ergueu, e a perna fraquejou-lhe.
- Sente-se, pelo amor de Deus, – disse a mulher, estendendo uma mão para equilibrá-lo – que não quero ser responsável por nenhum desastre!
- Mas, se acontecer, está no sítio certo, não é verdade? – retorquiu Mendes de Almeida, sorrindo e estendendo a mão à velha senhora – Bons dias, senhora D. Ana, e não se aflija, que o Nicolau é rijo. E é médico, como eu, conhece bem as consequências da sua precipitação.
Nicolau fitou-o, desconfiado, perguntando-se se César ou a mãe já teriam vindo contar-lhe o incidente da sua primeira saída. Não importava, saíra desse túnel escuro, saíria de todos os outros em que ainda viesse a entrar, no seu caminho para a recuperação física e mental. Para a sanidade. Trabalhar ajudaria. Tinha de ajudar.
- Pois vamos lá atendê-la. O Nicolau aguarda mais um pouco?
- Com certeza. Hoje venho mais para falar consigo do que para consultá-lo.
- Pois faremos ambas as coisas, porque eu tenho toda a intenção de ver como isso está.
Demorou quase meia hora com D.Ana e, quando saiu, a mulher trazia o nariz empinado e Mendes de Almeida parecia impaciente. Despediu-se dela sem nenhuma recomendação especial, a não ser muito chá de camomila, e fez sinal a Nicolau para entrar.
- Custódia, faz-nos também um chá… ou um café, que esta senhora esgota-me. – Para Nicolau, esclareceu – Tem uma saúde de ferro, mas quem a ouça, diria que padece de todos os males do mundo. Espirrou duas vezes, provavelmente por ter pó no agasalho, e convenceu-se de que a espanhola a tinha apanhado…
- Talvez precise da atenção."
(aí por volta da pág 150...) 


Também ando a ler A Espia do Oriente, em papel, em casa, e Tangled, no tm ou no Kindle, onde calha. Espero ter opiniões em breve...

1 comentário:

Ivonne Zuzarte disse...

Ando tão despistada que pensava que já tinha lido esse livro (o tangled) -.-'' ai!

Força, continua :P cansa mas compensa!