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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Playing for love at Deep Haven ou o tédio da repetição açucarada, e uma dúvida

Quem por aqui passa sabe que admito sem problema os meus guilty pleasures: leio fantasia, leio romance paranormal do tipo Shelly Laurenston (ou qualquer outro que me traga divertimento) e algum romance romântico. 

Como autora, talvez não devesse lê-los, ou pelo menos reconhecer que os leio. Ficava-me bem ser exclusivamente erudita, não é verdade? 

A verdade é que os leio, já aprendi muito sobre o que fazer e o que nunca fazer (como escritora) e divirto-me. De quando em quando, até me arrancam uma valente gargalhada.  Pago sem problemas por alguns, mas muitos vou buscá-los de graça ou muito baratos para o kindle e tenho descoberto coisas engraçadas, mas por vezes sai-me o tiro pela culatra...

Isto para dizer que fui buscar gratuitamente um romance romântico da autora Kate Regnery, da qual li a série Heart of Montana - que, sem ser uma maravilha, tem um certo encanto docinho. É fácil gostar dos irmãos Linsdtrom, sente-se a small town e a dominância do parque de Yellowstone... E que treta fui eu buscar! Felizmente Playing for Love at Deep Haven foi gratuito. Não vou colocar a capa, é horrivel.

Pergunto-me se será um romance antigo, algum ensaio... Não é pela escrita, que nem é má. São as personagens cliché (a escritora em crise, que se rendeu ao chic-lit para sobreviver, mas só lhe saiu o primeiro livro, e o músico sobredotado mas que tem ganho rios de dinheiro a escrever treta para bandas heavymetal, os dois muito modificados desde o último encontro, mas da forma que podem prever: tattoos para ele, elegância e presunção para ela), a história cliché (relação muito fofa na faculdade, rapaz abandona rapariga logo que ela diz I love you, mas sempre a amou, e ela encontra consolo nos braços de um rapaz rico que morre anos mais tarde, escritora e músico ficam "presos" na mesma casa por casualidade, nove anos depois... estão a ver). O pior, porém é ser repetitivo, repetitivo, repetitivo, repetitivo... ao ponto de me ter chegado à conclusão que  aquilo ia ser mais do mesmo até ao fim (oscilando entre as dúvidas, será que ele me ama mesmo, será que ela me aceita, mas eu sempre o amei, ams eu sempre a amei, somos tão diferentes, será que nos adaptamos, etc, etc, e sexo, sexo aos montes) e fui as últimas páginas ver como terminava. Termina exactamente como eu previa, e não falo do facto de ficarem juntos, porque isso é a regra no romance e seria esquisito não ser assim. Há uma certa previsibilidade aceitável, como disse não me perturba, mas aqui... que exagero! E tudo demasiado doce - deu-me dores de dentes!

O que me pergunto é... porque há de uma escritora disponibilizar, gratuitamente, um livro que é um recuo relativamente ao que já publicou? Não sendo esta autora nenhuma pérola preciosa... devia estar calada, eu também não sou. Não importa. Não sendo uma pérola, tem de qualquer forma mais qualidade do que isto. Porque há de sujeitar-se a opiniões como a minha, atirando cá para fora um texto grátis que, francamente... devia ficar num deep, deep haven? É para ter trabalho cá fora, sabendo que os autores e livros secundários caem facilmente no esquecimento? Este é o único argmento que entendo, por senti-lo na pele... mas prometo já aqui a mim própria, que é quem mais importa nisto, que não o farei. Na medida do que consiga discernir a qualidade (mínima) dos textos, ou que betas possam ajudar-me, o que for tão mau ficará na gaveta. Prometo.

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