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segunda-feira, 25 de maio de 2015

suão

o anjo ardente
estende as asas de fogo
seca a água na boca da nuvem
o suão
resfolga nas pedras
bicho cansado
com pés de barro seco
mas
um homem
em cima de um monte
anuncia dilúvios
estranha ideia
desfilam os outros
no rasto incauto da novidade
ardendo como sarças
dentro da água
ao céu erguem-se
os dedos
cola-se o peito
ao chão
apartam-se lábios lazarentos
para um grito inane
leveda afinal a mudez
do ar fremente
o suão sopra
mas
o homem aponta
um caminho desfeito
na canícula
seguem os outros
sabem lá












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