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domingo, 22 de março de 2015

Do velho se faz novo

Se calhar isto é assim mesmo.

Em Dezembro comecei, animadíssima, a escrita de um novo romance de época, que, na altura, via como uma continuação para O Cavalheiro Inglês. Situei-o em 1918, no fim da Primeira Grande Guerra, ano terrível da gripe espanhola. Estudei a época. Coloquei como personagens centrais os filhos dos protagonistas d'O Cavalheiro. Criei um conjunto de outras personagens, congeminei uma intriga central (mal alinhavada, incompleta) com as reviravoltas que faziam sentido nesta época e algumas secundárias. E avancei. 

Avancei ao todo 56 páginas e parei. Sem saber porquê, perdi a vontade, perdi a confiança no texto e na minha habilidade para levá-lo a bom porto. Não foi por não gostar das personagens - factor essencial para conseguir escrevê-las - ou da época, que é muito interessante. Cheguei a pensar em abandonar completamente a história. Depois em abandonar a escrita, o que me seria impossível. Envolvi-me, então, em mais uma revisão de A Grande Mão, o meu comfort book para todas as ocasiões.

Esta manhã, ainda nem estava inteiramente desperta, tive uma espécie de epifania. Não posso fazer uma continuação de coisa nenhuma, porque não gosto de escrever continuações! Era um erro. Era preciso mudar - e mudei. 

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Continuo a ter a gripe espanhola, o pós-guerra e as greves como centro da acção. A história de amor mantém-se entre as mesmas personagens, mas com outras nuances. Vou matar a mesma pessoa neste novo enredo. Mas a família é outra, tem outro nome e já nada tem a ver com os Silva Andrade. Há uma segunda (pequena) família, e esta não é rica. Os primos passam a irmãos, são muitos, surgem novas personagens, uma nova intriga, há coisas que iam desenvolver-se de uma forma e se desenvolverão de outra. E até lhe encontrei um nome... outro nome provisório: O Ano da Dançarina. A dançarina, esclareço, não é personagem, mas um dos muitos nomes da pneumónica (la dansarina).

Vamos ver se agora - quando entrar na pausa das actividades lectivas, consigo refazer as 56 páginas já escritas e avançar. E se desta vez a coisa pega.