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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

pássaro da madrugada

menos que recorte de forma na luz da lua que empalidece,
sussurro de movimento no primeiro fôlego da manhã
leve como espiral de névoa levantando da superfície lisa das casas,
fico de pé no beiral entre uma telha e a calha suja de folhas
a ver desfiar-se a promessa de manhã no corte em breve vertical da luz
é escasso o equilibrio da vontade com o pequeno poder do corpo
e tenho as asas que me deram fechadas, não vou usá-las se o dia se cumprir
são asas feitas de restos de noite, adivinham o lugar onde o teu corpo não esteve
onde a noite inteira dormi com fantasmas de desejos em gavetas
desperto de olhos oblongos, sobre o levantar violeta da madrugada
e aquieto as plumas no rasgar lento de sedas no horizonte






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