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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Fomos à Terra Média


Quando o meu filho era pequeno, era um hobbit, louro, lindo, encaracolado e com os pés grandes. Continua com os pés grandes, mas há já algum tempo que ninguém cá em casa tem altura de hobbit, nem sequer de anão. Mesmo assim, metemos os pés de diferentes tamanhos e devidamente calçados ao caminho - bom, fomos de carro, o que, em véspera de Natal, é em si uma prova de coragem - e fomos todos ver a guerra na Terra Média. Antes disso ainda palmilhamos o Reino do Centro Comercial, numa busca pelo(s) grande(s) tesouro(s) das Últimas Compras de Natal, assamos uma lebre... eh, cada um comeu aquilo que lhe apeteceu e enfrentamos a Aventura do Cinema Cheio.

Não levava grandes expectativas, a não ser visuais, e ainda bem.  O filme é em HPXT3DSGF5 ou lá o que é, significa que tem 48 frames por segundo em vez de 24, o que entusiasmou o homem da casa e a mim me deixou na mesma. A imagem tem, na verdade, uma precisão absurda, mas, entre isso e o 3D (não havia outra versão) dei por mim a estranhar tudo, a achar que algo estava errado: a imagem, linda, claro, não tinha encanto. Estava a ver a realidade, um documentário... e eu queria a magia do objecto de arte que é o filme! 

Em termos imagéticos, temos a continuação do que já conhecemos, nada de novo, mas tão pouco pior. Os cenários são de tirar a respiração, os exércitos de elfos são lindíssimos, os de orcs feíssimos, os anões quase todos assustariam a Branca de Neve - bom, não uma moderna, que as actuais princesas são todas badasses, finalmente, mas a da Disney de certeza! O dragão é uma coisa magnífica, em todos os breves instantes em que aparece (perdoem-me o spoiler, mas fiquei aborrecida, então o Smaug desaparece logo??) O problema é que, com a imagem tão exacta, o que é inexistente mas devia parecer mais real parece mais... impossível. Não, não gosto disto. Devolvam-me a natureza fílmica do filme, deixem-se de técnicas que me mostram os pêlos artificiais do nariz do terceiro anão da esquerda! 

A história... qual história? Se quisesse fazer spoiler, reduzia isto a duas linhas... quero dizer, posso, porque não há nada para contar: todos querem a montanha, ou pela riqueza, ou pela posição estratégica, e portanto todos a atacam - os tais cinco exércitos, anões, homens, elfos, orcs e, presumo, os animais do feiticeiro castanho... não percebi bem se era este o 5º exército, mas assumo que sim. Uns contra os outros, todos juntos contra os orcs... As batalhas são, como disse, interessantes, mas todo o filme é uma enorme batalha. ENORME, porque dura, e dura. O meu filho adorou e devo confessar que o rapazinho de doze anos cá dentro também... esse de qe já vos falei, e que devia fazer companhia ao meu filho nos jogos de computador, mas só sai cá para fora quando assisto a filmes e em certas cenas de batalha nos meus livros de fantasia. A senhora que já passou dos 40 sabe que faltou qualquer coisa. 

A cena mais interessante foi a que nos mostrou uma mini batalha entre Sauron renascido e Galadriel, e o enviou para Leste, suponho que para Mordor - cheira a Senhor dos Anéis e esse é um fedor mesmo muito bom! Os desenhos nos créditos finais também são maravilhosos e deixaram a artista cá de casa - e a mim - a babar. 

Não dou o meu tempo e dinheiro por desperdiçados - o tal rapaz de doze anos em mim não me deixa - mas sei que o filme era escusado. Este e o anterior compactados faziam melhor figura.  Fica o trailer.

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