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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Wildwood Dancing - Juliet Mariller

Não é segredo nenhum que gosto muito de recontos de contos tradicionais, nem que um dos meus livros preferidos no género fantasia é precisamente desta autora: A Filha da Floresta, uma enfabulação maravilhosa sobre uma das minhas histórias favoritas da infância, Os Sete Cisnes Selvagens.

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Wildwood Dancing, muito mais simples do que a A Filha da Floresta, trabalha sobre o conto de Grimm no qual doze princesas irmãs são trancadas no quarto todas as noites mas, ainda assim,têm as solas gastas todas as manhãs. Neste texto as irmãs não são princesas, são apenas cinco, não dançam todas as noites mas apenas na lua cheia, são dos montes Carpátos, na Transilvânia, e veem misturada na sua história parte da mitologia da zona (o Outro Reino, i.e. o povo mágico da floresta, e o Povo da Noite, que talvez seja uma espécie de predecessor dos vampiros). A história tem ainda um cheirinho da história da princesa e o sapo, uma vez que a irmã mais velha e personagem central, Jenica, tem como melhor amigo Gogu, um sapo que comunica com ela através dos pensamentos. Ora adivinhamos logo que, mais cedo ou mais tarde, há de haver transformação, não é? E há, mas é muito interessante ver como Marillier interpreta estas histórias e as funde nas tradições mágicas e no ambiente da zona, tão agreste, nas florestas obscuras e lugares misteriosos, com nomes como Piscul Draculi...

Julliet Marillier consegue sempre tornar interessantes as suas histórias, criando personagens que são plausíveis dentro das regras de fantasia dos seus textos, mas sobretudo muito humanas - principalmente mulheres fortes, cheias falhas, de coração e coragem, que lutam pelos que amam e pelo seu direito a existir e a decidir. Há um lugar para o sofrimento, para o erro, para o mal, claro, e neste caso também para a ambição, a prepotência e a injustiça masculina face ao lugar da mulher. As dificuldades apresentam-se quase desde o início, algumas muito humanas, outras muito mágicas... E há alegria e tristeza, medo, raiva, dança, encantamento, criaturas e lugares mágicos, com a sua magia branca e negra (se assim podemos dizer) muita aventura e muito  amor romântico e entre as irmãs. Tem todos os ingredientes para, dentro do género, me seduzir - e seduziu. Gostei muito de lê-lo, deixou-me cheia de vontade de reler A Filha da Floresta.

Foi lido no kindle e em grande parte no telemóvel.

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