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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

salteador de tesouros

Há manhãs assim. Hoje o poema é de brincar.



Acho que sinto um poema.
É grande e anguloso e
está-me encrustado algures
entre o estômago e a garganta.
É pedra em mina, ouro, não,
pirite apenas.
Vislumbro-lhe o brilho,
de um tudo ou nada,
afoga-me a ganância
de lhe ver a forma,
mas sei que se,
mineiro das letras,
lhe aplico a picareta,
talvez colapse o tecto,
talvez role de dentro de mim,
talvez me esmague se não corro,
talvez me engane.
Sou assim com os poemas
salteador de tesouros
de rude ferramenta
aventureiro sem jeito
a fazer de poeta.
Rico não fico,
mas aliviado.

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