Matias Godinho hesitou. Doía-lhe a cabeça como
se lha apertassem num torno e por muito que se esforçasse por romper a névoa e
ter alguma ideia do que sucedera, mal conseguia lembrar-se da festa, não fazia
ideia de que um homem fora assassinado e menos ainda se recordava de ter estado
sentado numa cadeira ou de ter visto alguém passar por ele, nem o Silva
Andrade, nem o duque, nem o menino Jesus de fraldas. Mas se Robert afirmava que
um dos criados o vira a ver o duque... pois devia ser
verdade e, nesse caso, devia despachar‑se. Ficava‑lhe mal não apresentar o seu
testemunho, se com ele podia salvar um homem inocente, para mais filho de um
visconde. Sacudiu a cabeça, com o triste efeito de ver a sala rodopiar.
Fixou-se no rosto do inglês a quem devia tanto dinheiro que nem que vendesse
tudo o que tinha, incluindo as ceroulas, poderia pagar. O inglês. Sim. Havia alguma coisa de
esquisito naquilo tudo, mas por alma da sua mãe não conseguia perceber o quê.
Tinha que deixar de beber. Assentiu, duvidando da sua própria
existência O inglês levantou-se de um salto e puxou-o pela gola.
Mini excerto de O Cavalheiro Inglês, que depois da revisão pode muito bem descobrir que afinal se chama Um Ultimato Inglês. O que me tenho divertido a rever este texto!
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