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domingo, 28 de setembro de 2014

E pronto, o inevitável prometido... The Maze Runner 2 & 3

No meu último post de opinião, sobre o filme The Maze Runner (estes posts têm sido escassos e esse já tem uma semana ou mais), admiti que a curiosidade me leva quase sempre, nestes casos, a pegar nos livros para seguir a história até ao fim. Foi o que fiz ao longo desta semana, comprando para o kindle o segundo livro, The Scorch Trials, e depois o terceiro e último, The Death Cure. O que esperava deles era apenas que tivessem o mesmo ritmo que o filme e me oferecessem um fim satisfatório, e, se não fosse pedir muito, que as personagens tivessem um pouco mais de profundidade, muitas vezes impossível nestes filmes de acção.

Não posso queixar-me do ritmo, de forma alguma. Como no filme (não li o livro, como vos disse) começamos in media res, i.e, no meio da acção e sem saber de nada. The Scorch Trials atira as personagens quase de imediato para mais peripécias e mais provas, porque, como suspeitamos, nada está terminado. Descobrimos um pouco mais sobre o vírus Flare, que infectou a maior parte da população mundial e sabemos que alguns são imunes. Quem? Não se sabe, todo o grupo está supostamente (SPOILER) infectado e precisa de completar as provas para receber a cura. Descobrimos que estes rapazes não são os únicos sujeitos à experiência de um labirinto e, com isso, temos também a explicação para a presença de Teresa no Glade. Teresa é muito mais relevante no livro do que o mero acessório que representou no filme. Não quero estragar mais, mas não só a relação com Thomas é mais estreita, como tem peculiaridades... e ela é, por si própria, importante neste segundo livro. Vemos um pouco mais do mundo depois das explosões solares e somos confrontados não só com os doentes (é repulsivo), mas com novos aliados e com a traição. A prova, que consiste em atravessar, sem quaisquer regras, uma das zonas mais afectadas pelas explosões, vai dar excelentes momentos visuais no próximo filme, se for bem feita e não se escusarem às mortes mais feias para poupar os jovens. No final do livro, não está pedra sobre pedra nas relações do grupo e Thomas já não acredita em quase nada, menos ainda na Wicked e na cura. Com o livro centrado na acção, não há grande espaço para muito mais profundidade nas personagens, mas apercebemo-nos de que algumas são um pouco diferentes do filme: Minho, por exemplo, é mais desabrido e provocador. 

The Death Cure perde um pouco em termos de ritmo, não porque seja mais lento, mas porque sem uma prova concreta para completar (embora fique sempre a dúvida, porque nas circunstâncias TUDO pode ser prova), se perde um pouco a direção e fiquei por vezes com a impressão de andar para cá e para lá como barata tonta, a acompanhar a rebelião de  Thomas e o que ele e os outros faziam em consequência dela, incapaz até de entender algumas das suas indecisões. Gostava, neste livro, de ter "sentido" mais o Thomas, sendo o ponto de vista o seu, uma vez que, embora se fale no que pensa e sente, ele me parece muitas vezes leviano e teimoso nas suas atitudes, e nem sempre muito inteligente. Faz parte dos melhores e mais inteligentes, pelo que não compreendo, por exemplo, (SPOILER) a sua recusa em recuperar as memórias, quando na verdade se lembrou do suficiente para conhecer a dimensão da sua participação no projecto e já se sente horrível com isso. Não seria melhor, para o sucesso dos seus objectivos, lembrar-se de tudo sobre a Wicked? Também não entendo a sua insistência em recuperar um amigo doente, quando não acredita na cura e sabe que não há solução para ele...Enfim. Vamos tendo as explicações e o fim, embora um pouco previsível, é satisfatório, talvez o único com algum sentido sem matar toda a gente. Quem me lê sabe que não tenho nada contra alguma previsibilidade, quando ela obedece à lógica da história e a imprevisíbilidade a todo o custo criaria um final demasiado forçado. Este é talvez um pouco forçado... De repente, Thomas confia? Ou aceita por falta de alternativas? Vou acreditar que sim.  Pelo menos nem todos se salvam... ainda que a última morte estenda um tapete de redenção para a personagem morta e de sossego futuro para Thomas (aqui não conto!) que me pareceu demasiado conveniente. 

No fundo, o que importa foi que li ambos os livros com interesse e curiosidade, e num instante! Já admiti que acolho sem vergonha o jovem (rapaz? rapariga?) de catorze anos que ainda há dentro de mim e lê estes livros com o mesmo prazer com que a adulta lê coisas bem diferentes, sejam distopias, FC, fantasia ou romances mais realistas. Este mundo distópico é suficientemente convincente e o fim não é demasiado cor de rosa - é, aliás, bastante negro para a humanidade em geral - e, porque é centrado na acção e solução de problemas, a maioria imediatos, a pouca profundidade ou alguma inconstância das personagens não chega a incomodar. Sendo muito jovens, talvez até faça algum sentido... 

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