Lucian Freud, And the Bridegroom, 1993 |
depois de um duchesse e um café amargo
ele não lhe toma a mão
para descer a rua
mas como antigamente o cotovelo
entram pela porta dos fundos
ele nota
que ela já não hesita
persegue pelas escadas esconsas
a magreza das canelas
a largura das ancas
um prazer prometido
entre as mãos
recebe-o o cheiro a solvente
as telas grandes
a agigantar o espaço
sob as janelas
o sommier coberto à toa num canto
e o vazio
o suficiente para os arroubos
dos corpos de carne
e de tinta
Despe-a e deita-a
recolhe na memória
a magreza pálida na palidez do lençol
a nudez a cor a forma
são o seu ofício e o seu prazer
afasta-lhe os joelhos
ela deixa-se investir assim
nos gestos
de um amor carnal e ruidoso
quase demorado
e depois na saciedade
ele traz já no sono a imagem
do primeiro amor da falsa noiva
da curva e da linha
da anca ao pé
do falo em repouso
da perna levantada grossa e morena
do noivo a fingir
4 comentários:
Os homens não amam assim. Não são assim. Porque os homens amam.
Os homens amam, claro, de muitas maneiras. Alguns de outras formas, outros assim.O poema é inspirado no quadro, que a mim me trouxe esta forma assim de amar no corpo da mulher formas e cores da pintura que há de ser.
Cheguei aqui pelo link no blog
"rabiscos, rascunhos e limitada", gostei muito do que li aqui e vou tornar-me seguidora.
Gábi
Obrigada, fico contente que tenha gostado! :)
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