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quarta-feira, 2 de julho de 2014

O Manual dos Inquisidores - António Lobo Antunes


Se me perguntarem, à distância dos anos a que já li este livro, se na altura concluí sobre o título, tenho que confessar que não me lembro. Provavelmente sim... não, de certeza! Mas já não sei a que se refere. Confesso-o com algum embaraço, mas eu sou assim com os livros, mesmo quando a leitura é feita com gosto não me ficam frases, nem detalhes, nem, pelos vistos, coisas importantes como as razões para um título que sugere instruções para Inquisidores, mas não recua séculos na História do país, recua muito menos, detém-se no século XX, no percurso de uma família no antes e depois do 25 de Abril. 


Podia inventar que me lembro muito bem de outros inquisidores, daqueles de esquadra e cela de prisão anti-comunista durante o regime, PIDEs e DGSs e que tais. Podia acertar ou errar, não é? Podia inventar porque me recordo, isso sim, de que o regime - o Estado Novo - e o que dele resulta, depois da revolução de Abril, está de pedra e cal nestas páginas, e que há nelas uma certa frieza. É pouco, sim, muito insuficiente. Mas não importa. No fim de tudo o que importa é a prateleira em que o livro se acomoda e permanece, por vontade própria ou por falta de uma vontade de ferro - na dos que valem a pena, na dos que nem aquecem nem arrefecem, na dos que não se voltaria a ler nem sob ameaça. Este está há anos firmemente alojado na prateleira à altura dos olhos, com espacinho à volta para outros do mesmo autor que prometi a mim mesma ler, e nunca li e não sei porquê. 

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