Prosseguindo a revisão de A Grande Mão, à página 48 (A4), Noam está prestes a meter-se em (mais) sarilhos... Apresento-vos o Corvo e o seu bando.
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Quando passaram por ele, pode ver por
fim com clareza o seu aspeto. Ostentavam expressões de satisfação agressiva, realçada
pelo cabelo inteiramente rapado em todos menos no último, o único
silencioso, que ostentava a meio do crânio, como uma crina, uma fita de longo
cabelo negro. Todos traziam o tronco nú e os ombros cobertos por uma capa
escura que lhes descia até aos tornozelos. Prendiam-na sobre o peito com o
curioso alfinete de ferro que Risa descrevera, com o formato de uma ave cujo
olho de esmeralda brilhava à luz da tocha, parecendo fixar um ponto na noite. Debaixo
da capa do segundo homem espreitava o contorno de uma cobra negra, que se
alongava pela pele do estômago, subia pelo ombro e repousava a cabeça achatada
junto ao pescoço, a língua bifurcada lambendo uma argola de ouro no lóbulo da orelha esquerda. Movimentava-se ao ritmo exato do seu dono. Noam
arrepiou-se e estreitou os olhos para ver melhor. A boca abriu-se-lhe de
espanto: a serpente era um desenho perfeitamente realista, uma marca imposta a
si próprio pelo homem que a ostentava. Atentou nos outros. Todos tinham pelo
menos uma dessas gravuras tatuadas sobre a pele, no tronco, nas pernas, mesmo
no rosto. O esboço de um par de asas pretas enfeitava o caminhante silencioso
como uma máscara. Sobre os seus olhos severos não havia um par de vulgares
sobrancelhas, mas as asas de uma ave, que se estendia pelo nariz e sob ele num corpo esguio e numa cauda fendida na ponta sobre os lábios, de modo que era impossível determinar
ao certo que idade teria o homem ou como seriam as suas feições. Caminhava como um espectro, apesar da sua altura e da musculatura
densa que se adivinhava sob o tecido escuro.
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