Páginas

sábado, 26 de julho de 2014

Em revisão - apresento-vos o Corvo

Prosseguindo a revisão de A Grande Mão, à página 48 (A4), Noam está prestes a meter-se em (mais) sarilhos... Apresento-vos o Corvo e o seu bando.




http://tattooingtattoodesigns.com/gallery/tattoo-images
Quando passaram por ele, pode ver por fim com clareza o seu aspeto. Ostentavam expressões de satisfação agressiva, realçada pelo cabelo inteiramente rapado em todos menos no último, o único silencioso, que ostentava a meio do crânio, como uma crina, uma fita de longo cabelo negro. Todos traziam o tronco nú e os ombros cobertos por uma capa escura que lhes descia até aos tornozelos. Prendiam-na sobre o peito com o curioso alfinete de ferro que Risa descrevera, com o formato de uma ave cujo olho de esmeralda brilhava à luz da tocha, parecendo fixar um ponto na noite. Debaixo da capa do segundo homem espreitava o contorno de uma cobra negra, que se alongava pela pele do estômago, subia pelo ombro e repousava a cabeça achatada junto ao pescoço, a língua bifurcada lambendo uma argola de ouro no lóbulo da orelha esquerda. Movimentava-se ao ritmo exato do seu dono. Noam arrepiou-se e estreitou os olhos para ver melhor. A boca abriu-se-lhe de espanto: a serpente era um desenho perfeitamente realista, uma marca imposta a si próprio pelo homem que a ostentava. Atentou nos outros. Todos tinham pelo menos uma dessas gravuras tatuadas sobre a pele, no tronco, nas pernas, mesmo no rosto. O esboço de um par de asas pretas enfeitava o caminhante silencioso como uma máscara. Sobre os seus olhos severos não havia um par de vulgares sobrancelhas, mas as asas de uma ave, que se estendia pelo nariz e sob ele num corpo esguio e numa cauda fendida na ponta sobre os lábios, de modo que era impossível determinar ao certo que idade teria o homem ou como seriam as suas feições. Caminhava como um espectro, apesar da sua altura e da musculatura densa que se adivinhava sob o tecido escuro.  

Sem comentários: