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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Canção do sangue

Trago uma coisa para dizer
que não é minha
veio no vento de outro tempo
numa canção sem início
nem fim
canção de sangue primitivo
em trovão na veia
canção de bicho e de terra
canção de guerra
e paz
trago-a para ensinar
desde que me conheço
e ganhei altura
e voz
está no silêncio da noite
no grito de dentro do verso
sem razão nem rima
no passo feroz
esperançoso
trago esta coisa para ensinar
mas não sei
a quem dizê-la
canto-a por isso às correntes
que queiram levá-la
de mim




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