A voz que trago é descrente.
Cavalgou em vento morto de imagens já perdidas.
Pousou muda e gasta
na varanda imaginada de um edifício de gente
que sobre mim se agiganta.
A minha voz está parada.
Fez-se pálida ante o espanto, ante o medo que me tolhe.
É inútil, desgarrada, acrescenta ao que tenho
coisa alguma que queira,
é um sussurro vazio com gosto a nada,
não sabe nem à poeira do caminho que já fiz,
não adere ao céu da boca nem permanece na língua.
Não estilhaça o espelho entre o monstro
que me segue e a escada
em eterna fuga.
É voz de fantasma e bruma.
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