Les Demoiselles d'Avignon, Picasso, 1907 |
Contenho
em mim todas as verdades
por dentro de todas as mentiras
por dentro de todas as mentiras
Por
vezes julgo mesmo que todas as mulheres
Em
mim é tão verdade o medo como a garra
E
agiganta-se o espanto sobre a sabedoria
No
mesmo instante arde-me nas veias o desejo
E
recuo em mim de excesso de prudência
Sou
minúscula do tamanho da galáxia
E
grande como partícula de pó à luz do dia
Doce
e então fera e depois colo e mágoa
Pele
nua arrepiada e feroz carapaça
Tenho
em mim faces ainda insuspeitadas
E
o rasgar consciente de todos os segredos
Por
fora calmaria por dentro intemperança
Mas
é a mesma voz que no poema canta
Só
não sei como lançar âncora se no sítio
Onde
me pousam os pés logo se levantam
1 comentário:
Belo, este poema . As contradições que nos acompanham, o querer e não querer , o ficar ou partir, o ser ou não ser o que se é - caminho de solidão?
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