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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Todas as mulheres

Les Demoiselles d'Avignon, Picasso, 1907
Contenho em mim todas as verdades
por dentro de todas as mentiras
Por vezes julgo mesmo que todas as mulheres
Em mim é tão verdade o medo como a garra
E agiganta-se o espanto sobre a sabedoria
No mesmo instante arde-me nas veias o desejo
E recuo em mim de excesso de prudência
Sou minúscula do tamanho da galáxia
E grande como partícula de pó à luz do dia
Doce e então fera e depois colo e mágoa
Pele nua arrepiada e feroz carapaça
Tenho em mim faces ainda insuspeitadas
E o rasgar consciente de todos os segredos
Por fora calmaria por dentro intemperança
Mas é a mesma voz que no poema canta
Só não sei como lançar âncora se no sítio
Onde me pousam os pés logo se levantam

1 comentário:

mjc disse...

Belo, este poema . As contradições que nos acompanham, o querer e não querer , o ficar ou partir, o ser ou não ser o que se é - caminho de solidão?