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terça-feira, 8 de abril de 2014

inesperada

Usou ela véu de pálpebra sobre os olhos, a esconder a timidez de se ver encostada ao lado certo da minha pele, uma surpresa, a dizer sim quando eu pressentia um não acrescentado aos muitos que inventara a caminho dela. 

Ela tinha mais anos do que a sua alma, corpo de mais sabedoria do que a minha, que era ainda ensaio de homem na idade da agressão honesta, a aprender devagar a encapotá-la em mentiras de indiferente sedução. 

Misturei-me nela sem luz a revelar o que queriamos ambos esconder, a sermos corpos de ninguém num quarto indistinto, ampliados em sentidos a caminho de uma saciedade anónima. Foi-se embora sem nome e eu fiquei, desenhando círculos com o fumo do cigarro.

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