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quarta-feira, 2 de abril de 2014

grão de areia

Nunca soube o que a trouxe para ser grão de areia
No mecanismo das manhãs de chuveiro e metro
Chegou inconsistente como dedos frágeis fechados no pulso
e revolveu um milésimo de segundo do seu tempo
com o seu risco de átomo aceso em céu plúmbeo
a deixar um perfume ténue de avesso na intimidade
Entre ideia vaga e passo além ficou-se no costume do aço
não chegou a formar as palavras cor do lume brando 
demasiado contido o mapa à sua volta para mãos abertas
Viu-a ir esquiva nas pedras da calçada em noveleta púrpura
levando com ela a hipótese da implosão de tempo
e o impulso ébrio de ser o abraço para a ver regressar
recostou-se nas paredes lisas da indiferença e sorriu



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