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quinta-feira, 3 de abril de 2014

dedos

Enredo de linhas de cimento sobre aço e ferro
A crescer por dentro como alicerces a exceder
O seu espaço natural de coisa debaixo do chão.
Apertam-se enquanto apontam braços ao céu
E depois talvez vidro tosco se exponha como olho
De fora para dentro a fazer todo transparente
O que não devia ser visto à luz das manhãs.
Com sorte a telha enviusada há de calar muito
O que dificilmente se oculta na natureza da casa
Mas são tão frios os dedos que trepam nos veios
De madeira e pedra sobreposta em círculo fechado
Que ameaçam abrir fendas na firmeza do betão
E deixar nua a coisa viva que as paredes guardam.

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