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sexta-feira, 21 de março de 2014

a palavra

Li por aí que é dia da Poesia. Não preciso de um pretexto para um poema, mas preciso de um poema para este pretexto. A Palavra, então.


Ouvi que a palavra se dobra
entre os dedos
e estala
como folha de planta suculenta.
Verte lá de dentro qualquer coisa,
vem, dizem, da raíz e trepa.
Eu nunca vi.
O que vejo da palavra é o deslizar constante,
essa mutação de água
Um rumorejar, talvez, coisa cantante
Sedução fugaz debaixo da pele.
Mas dizem que sim, que é prenhe sempre.
Pode ser, eu nunca vi.
Para mim ela é corte de luz, centelha,
desdobrada em reflexos
Como nas casas de espelhos
das feiras em miúda,
fico nela, assim quebrada, 
entre pavor e riso.
Coisa esquiva, 
nunca a vi
senão dente de leão
ao vento



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