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domingo, 23 de fevereiro de 2014

e mesmo assim não chega

parece que as minhas palavras são
demasiado qualquer coisa que não sei,
ouvi que trazem nas letras não sei quê
de errado que é coisa de dentro e eu
não entendo como se rouba ao seu tombar,
que são pesadas como se ditas num
palco vazio em monólogo longo de mulher 
quero mas não descubro a semente
desse erro cujo tamanho não compreendo,
sei que são arrancadas como pedras
de dentro pela raíz agudas preciosas 
buriladas polidas para brilhar e ainda assim
parece que lhes falta não sei quê
de mais limpo ou mais sujo ou melhor
 ou de mais exacto que nunca seria meu,
talvez se parassem de cair de mim 
mas outra lá dentro mais violenta teima 
em deitá-las como pedaços para fora 
por todos os poros a rasgar a pele 
palavras sempre dolorosas com arestas
a sufocar-me quando as tenho entre as mãos
a roubar tudo o que tenho a esvaziar-me
a deixar-me oca e frágil contra o frio  
e mesmo assim não chega não chega



4 comentários:

Cristina Torrão disse...

Se é que posso perguntar:
Quem diz que não chega? És tu própria ou alguém?

Carla M. Soares disse...

Querida Cristina, sou eu própria que tenho uma dúvida permanente e a vontade de fazer mais e melhor, e o mundo, se calhar, por motivos que já discutimos as duas...

Olinda Melo disse...


Escrita bela que preenche a alma.

:)

Olinda

Unknown disse...

Lindo :) Eu creio que chega e que nada falta.