parece que as minhas palavras são
demasiado qualquer coisa que não sei,
ouvi que trazem nas letras não sei quê
de errado que é coisa de dentro e eu
não entendo como se rouba ao seu tombar,
que são pesadas como se ditas num
palco vazio em monólogo longo de mulher
quero mas não descubro a semente
desse erro cujo tamanho não compreendo,
sei que são arrancadas como pedras
de dentro pela raíz agudas preciosas
buriladas polidas para brilhar e ainda assim
parece que lhes falta não sei quê
de mais limpo ou mais sujo ou melhor
ou de mais exacto que nunca seria meu,
talvez se parassem de cair de mim
mas outra lá dentro mais violenta teima
em deitá-las como pedaços para fora
por todos os poros a rasgar a pele
palavras sempre dolorosas com arestas
a sufocar-me quando as tenho entre as mãos
a roubar tudo o que tenho a esvaziar-me
a deixar-me oca e frágil contra o frio
e mesmo assim não chega não chega
4 comentários:
Se é que posso perguntar:
Quem diz que não chega? És tu própria ou alguém?
Querida Cristina, sou eu própria que tenho uma dúvida permanente e a vontade de fazer mais e melhor, e o mundo, se calhar, por motivos que já discutimos as duas...
Escrita bela que preenche a alma.
:)
Olinda
Lindo :) Eu creio que chega e que nada falta.
Enviar um comentário