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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

comboio














encosto então a testa ao vidro frio
rola o mar do lado de lá dos rios estreitos
que enfeitam de chuva este resto de dia
está escuro e feio e eu não sei onde
se no grito esgaçado da gaivota que paira
sobre as ondas semeadas de espumaço
se entre as minhas mãos onde repousa
um livro fechado ainda por ler
se no espaço indeciso entre eu e mim
parece que vejo tremeluzir um ponto
um fio de sol corajoso que trespassa
o peso fechado de chumbo no céu
é miragem de luz a fingir alento
cerro os olhos e nego o movimento
o sacudir impreciso que me leva embora
para longe de onde já não me encontro
para lugares estranhos onde nunca estarei
está escuro e feio por trás dos meus olhos
no reverso quebrado das pálpebras
escuro e feio para onde quer que olhe




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