ouve. anda cá.
diz-me uma palavra. dessas que arrancam
raízes, conheces alguma?
dá-me uma palavra, só uma, que seja uma janela
aberta. uma ponte de corda sobre uma garganta
larga. uma mão aberta na anca. oferece-ma baixinho, ao ouvido aqui mesmo encostado ao meu
pescoço, a boca na pele. agora, se a tiveres, que acordei hoje sem nenhuma e preciso de respirar.
depois podemos ficar os dois, queres?
calados a olhar para as paisagens que ela esconde, cada um a sua, os dois a
mesma, não importa. podemos escondê-la num canto qualquer onde mais ninguém a
encontre. fingir que se perdeu. estender o tempo a procurá-la um no outro. ou podes deixar-me só com ela, essa palavra, que eu aconchego-a e bastamo-nos.
sabes uma? Conta-ma.
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