Páginas

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

ao vento são menos que folhas

Há dias em que parece que o sol nasce perto demais da circunferência fechada da minha pele e quero abandonar esta voz. fere-me. Arrancar assim palavras de dentro da casca da noz como se fossem preciosas e afinal ao vento são menos que folhas. nesses dias o sol queima-as assim que assomam, difíceis como princípios de vida e o grito com que as lancei de nada me serve. Sufocam‑me porque eu não tenho mais ar e abro a boca mas só cai dela um silêncio demasiado cheio


E espero para sempre que um vento venha e arrase os castelos construídos sobre as costas dos demónios sabendo que vento nenhum tem a força dos meus dedos do meu sopro que ventos não podem levar de mim esta forma de derramar coisa nenhuma no papel talvez se queimar de dentro para for a até ser mais quente que o sol que me abrasa e não me deixa pensar e que eu não sei onde está porque este casulo preto de tinta não me deixa ver viro-me de costas para o calor mas o calor insiste

Sem comentários: