Há dias em que parece que o sol
nasce perto demais da circunferência fechada da minha pele e quero abandonar
esta voz. fere-me. Arrancar assim palavras de dentro da casca da noz como se
fossem preciosas e afinal ao vento são menos que folhas. nesses dias o sol
queima-as assim que assomam, difíceis como princípios de vida e o grito com que
as lancei de nada me serve. Sufocam‑me porque eu não tenho mais ar e abro a
boca mas só cai dela um silêncio demasiado cheio
E espero para sempre que um vento
venha e arrase os castelos construídos sobre as costas dos demónios sabendo que
vento nenhum tem a força dos meus dedos do meu sopro que ventos não podem levar
de mim esta forma de derramar coisa nenhuma no papel talvez se queimar de
dentro para for a até ser mais quente que o sol que me abrasa e não me deixa
pensar e que eu não sei onde está porque este casulo preto de tinta não me
deixa ver viro-me de costas para o calor mas o calor insiste
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