Conversas sobre o trabalho em Portugal n'O Cavalheiro Inglês.
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Homem com a child... um filho a
morrer ou doente trabalhar mal. Trabalhador produzir mais se não preocupar. And better. Melhor. E também achar que essa
homem trabalhar mais para ficar com o seu posição, se família viver melhor. Dar
mais valor?
Sofia
calou-se, pensando na hesitação na sua voz, que transformava em pergunta o que
não era. Observou uma senhora vestida de veludos que, muito bem acomodada na
sua vitória de capota negra, admoestava suavemente uma criança pequena e
corada, com um rosto redondo sob uma touca de rendas. Lembrou-se, com um peso
no peito, do rosto magro do rapazito do talho, pensou no seu irmão tuberculoso,
nos seus pais que, ao contrário desta mulher elegante com o seu filho gorducho,
trabalhariam de sol a sol por quase nada.
-
O que o Robert diz devia fazer sentido. Mas não é inteiramente verdade, pois
não? – retorquiu com amargura.
-
O que queres dizer, Sofia? – perguntou Tião.
-
Eu sei que tu pensas que vivo nos meus romances, mas se me ouvisses entendias
que não estou a dormir, Sebastião. Não sei muito de política, mas tenho os
olhos bem abertos e bem vejo o que se passa à minha volta. Por exemplo, sei que,
mesmo que um trabalhador ganhe uma ninharia e não tenha condições nenhumas, ou
que os filhos estejam a morrer, continua a trabalhar porque tem que ser. E que
há crianças a carregar carvão desde os quatro anos, e a trabalhar no campo, a
entregar carne ou a trabalhar nas fábricas. Nas do pai também, julgas que não
sei? Sempre houve trabalho de crianças a pôr carne nos nossos pratos, e nenhum
de nós hesitou em comê-la. Não vou fazer-me de inocente, e tu também não
devias.
Sebastião, abismado e corado de fúria, ia
interrompê-la, mas Robert deteve-o com um toque no braço. Sofia sorriu-lhe com
tristeza e prosseguiu:
- Que homem, mulher ou criança no nosso país deixa
de fazer o seu trabalho, por pesado ou injusto que seja, quando há outros dez
ansiosos por ficar com ele? Não lhe parece, Robert, que da forma como as coisas
estão, qualquer trabalhador tem
apreço pelo seu posto, bom ou mau? Não é assim no seu país?"
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