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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Love thy people!! Ama as tuas pessoas!

Podia referir-me às pessoas na minha vida... mas isso é dado assumido!



Falo das outras pessoas na minha vida, as que ficam fechadas nas páginas, vivendo as outras vidas, as que eu lhes dou.

Pensa-se na intriga. Pensa-se na coerência, pensam-se frases, sequências, acções, referências, simbolismos, pensa-se até o aspecto e personalidade da nossa gente. Planeia-se, sim senhora, as desgraças e alegrias do nosso textos, as vidas e mortes e todos os acontecimentos entretanto.

Mas quando se escreve, é preciso estimar as personagens. Dar-lhes uma voz e um rosto, mesmo que seja um rosto conhecido, um rosto familiar, dar-lhe uma forma de mover-se, de sorrir, olhar e amar, e aquelas pequenas peculiaridades que nos fazem únicos, um tique, um gesto, uma impaciência, uma mania.  Há que conhecê-las a fundo, como se elas fossem parte de ti, mesmo que não haja nada de ti nelas, nem vestígio da tua mundivisão, nem resquício dos teus sonhos. Compreendê-las, porque as vês de dentro para fora. Mesmo as personagens odiosas têm que ter lugar no teu afecto, nem que sejas porque lhes queres tanto mal, que anseias por escrever as cenas em que recebem o que merecem. Há que querer com fervor levar a tua gente ao seu destino, bom ou mau, sentir alegria  nos fins felizes, lamentar  quando uma das tuas pessoas morre. 

Não chega para fazer um bom livro. Não, não chega, porque um livro se faz de muito mais. Mas sem isso, nenhum texto tem calor. E sem calor, não é real na sua irrealidade. Não é humano. 


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