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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

mudez

não tenho de repente mais palavras
todas me foram roubadas uma a uma
letra a letra intervalo a intervalo
por ladrão de insidiosa alma
silencioso nas dobras da noite escura 
ladrão de voz de sentidos de motivos
de farpas e veludos dos nós do tempo
partiu com as palavras que eram minhas
baralhadas em passos que tropeçam
tantas tão pesadas as palavras que leva
vejo uma que perdeu na sua fuga
fica-se quieta sem cor amarfanhada 

estranha mudez me ficou tão lânguida
tão grata e assustada e tão fugaz
mudez quente de vazio e força
mudez de sementes banhadas pelo sol

que fazer que fazer com a espera
novas palavras lentamente nascem











1 comentário:

Morrighan disse...

Gostei e, por muito parvo que pareça, revi-me :)