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quinta-feira, 18 de julho de 2013

A Arte de Matar Dragões - Ignacio del Valle

Começo por dizer que li este A Arte de Matar Dragões, título maravilhoso, numa fase de grande falta de concentração na leitura e de revisão de texto (está a dar-me dores de cabeça!!), que prejudicaram em vários aspectos a minha absorção do livro. Ler aos poucos prejudica quase sempre a minha ligação ao livro. Também não sei praticamente nada (mea culpa) sobre o período da História de Espanha em que se desenrola - o pós Primeira Grande Guerra e início do Franquismo. 

Trata-se de um thriller, que tem como personagem central o tenente Arturo Andrade, encarregue de descobrir o paradeiro de um quadro do trezento, de autor desconhecido - A Arte de Matar Dragões - que teria desaparecido quando o espólio do Prado foi temporariamente transferido para outros locais, como forma de protegê-lo contra a devastação (não captei se seria a da Guerra Mundial ou Civil, assumi que seria a Civil). Para o investigador, este quadro torna~se uma obsessão, à medida que se vai sentindo um cavaleiro andante. Pelo meio, há uma série de referências históricas e políticas, várias personagens de interesse variado, e um amor mal dirigido, de Arturo por uma prostituta muito jovem, que deseja "salvar". 

O livro é, pois, tanto um thriller, conforme a obsessão de Arturo o leva de pista em pista para descobrir a verdade, mesmo depois do quadro aparecer, e uma descida ao inferno da loucura. Nem sempre foi fácil para mim seguir as voltas e reviravoltas da investigação, por todas as razões que apontei, distração, desconhecimento do contexto histórico, e uma certa dificuldade em fixar nomes, nem em perceber que raciocinio levava Arturo de um para outro ponto. Apesar disso, o livro foi sempre interessante, talvez por estar em geral muito bem escrito e apresentar personagens curiosas, algumas muitíssimo interessantes. Mais fácil de entender foi a motivação de Arturo e a forma como, de uma investigação mais ou menos fria, baseada na razão e conduzida por ordens, se chega a uma perseguição apaixonada e quase ilógica, dado que o quadro é encontrado entretanto. Trata-se de uma quest, a busca da verdade, S.Jorge contra o dragão, sendo que o dragão é tanto exterior como interior. 

Não sei se a solução do thriller é a ideal ou a mais lógica - tinha que saber mais sobre a guerra civil espanhola para avaliar isso - mas, como é costume, suspeitei do "culpado" muito antes, e passei muitas e muitas páginas com esperança numa surpresa que não veio: o orquestrador da intriga era quem esperava que fosse. Pena, mas é como tenho dito, a minha capacidade para ser surpreendida pode estar inquinada. Não sei. O fim, porém, as últimas páginas, a batalha final entre Arturo e o seu dragão, foram intrigantes e achei-as magistrais. 

Uma nota final para referir que, embora tenha gostado bastante do livro no seu conjunto, talvez tivesse gostado mais se (soubesse mais da História de Espanha, repito, e se) não tivesse lido há pouco outro livro com um quadro inexistente como pretexto, que adorei: A Tábua de Flandres.  



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