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sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Vingança do Lobo - Vitor Frazão

Tinha escrito uma opinião muito completa sobre este livro, enumerando os aspectos positivos e negativos, e agora mesmo, quando ia publicá-la, fiz não sei o quê com as malditas teclas que fez desaparecer o texto todo, e já não consegui recuperá-lo. Vamos lá ver o que é que consigo reproduzir do que escrevi ontem. Não há nada que o autor já não saiba por ora e, seja como for, é uma opinião apenas, vale o que vale.

Trata-se de uma história de fantasia urbana passada nos Estados Unidos, com ambiente negro e bastante potencial. Nota-se uma estrutura narrativa bem pensada e bom planeamento do mundo paralelo. As personagens têm densidade, são diversificadas, e fazem em geral sentido nas suas motivações e acções. Não há muita emotividade, e quando há é em geral no sentido mais negro, mais violento, mas essa foi, segundo creio, a intenção do autor. Dominam o desejo de vingança, a necessidade de sobrevivência, o sentido do dever ou a ambição. O narrativa é muitas vezes visual, com preocupação pelas descrições detalhadas, mesmo da acção, que é muita - e por vezes descrita em tal pormenor que me pareceu excessivo. Há violência, mas faz sentido na história e não tenho nada contra ela, pelo contrário - gosto.

O que torna a leitura um pouco mais difícil para mim (é uma questão minha) são dois aspectos apenas. 

Um tem a ver com a escrita. Não em geral, porque em geral é boa. Há gralhas, que deveriam ter sido resolvidas em conjunto pelo autor e editor, mas pelos vistos este segundo demitiu-se da sua função de edição e deixou passar umas quantas. Como autora, sei que depois de umas quantas leituras o autor já não as vê, nem a alguns erros, e é preciso um par de olhos frescos. Não é isso, passo por cima delas. Refiro-me às virgulas, demasiadas (não é preciso, por exemplo, colocar os adverbios de modo sempre entre virgulas) e à oscilação entre passado e presente, sobretudo em cenas de acção. Sei que há quem não se incomode, mas a mim faz-me saltar a caneta vermelha interna. Defeito de professora. 

O outro aspecto está relacionado com a vontade que o autor teve de nos deixar tudo muito bem explicado, todas as espécies e suas características, hierarquias, interações, motivações, intenções ideias, etc, etc, o que fez com que em certos momentos "despejasse" a informação, e noutros explicasse atitudes que se explicavam a si próprias, ou reforçasse ideias que iam ficando claras ao longo da história. A leitura tornou-se mais densa neste momentos, menos simpática, e menos célere em certas cenas de acção, já de si detalhadíssimas. Sei que é o primeiro de uma saga, e talvez se deve a isso o desejo de deixar claro este mundo, mas, por ser um livro de acção (se posso dizê-lo assim) ganhava com uma forma menos explicativa de mostrá-lo. 

Sei que o autor tem vindo a trabalhar nalguns destes aspectos, e que discordará decerto de outros. O importante é que se apresenta um mundo interessante e que, com pouco trabalho, oferecerá uma leitura compulsiva. Confesso que, para o meu gosto, falta um raio de luz, mas com isto estou absolutamente certa que o autor jamais concordará. *wink* Claro, que, a haver mais livros desta saga, vou lê-los. 


1 comentário:

Ivonne Zuzarte disse...

Agora que o acabei, vim dar um olhinho nas outras opiniões. Por acaso, 'visual' foi o adjectivo que utilizei. Também achei isso, principalmente nas cenas de acção. Também se verificou as influências do autor - maioritariamente japonesas.
Gostei que o autor distribuisse a informação pelo livro e não no início. Introduzia as explicações quando necessário.
O Vítor tem um estilo que gosto bastante - e isto, claro, é como tudo... é difícil agradar a gregos e a troianos - um estilo descritivo. Mas admito que me perdi algumas vezes, embora por minha culpa.
Gostei bastante, não estava à espera de gostar tanto.