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domingo, 19 de maio de 2013

A satisfação do trabalho feito

e espero que bem feito.
 
Acabei esta manhã a revisão de A Chama ao Vento, o romance que escrevi logo a seguir a Alma Rebelde, e que ficou pronto muito antes da publicação deste, tanto que depois disso já acabei O Cavalheiro Inglês. Não, não escrevo a metro - é que passou já muito tempo desde que acabei o Alma Rebelde.
 
É um filho mais difícil, que não me satisfez à primeira. Não é tão meigo e doce como o anterior, fez-me sofrer um pouco, e ainda me obriga a mais uma pequena releitura da primeira parte. Mas concluí o mais doloroso: a GRANDE REVISÃO. Parabéns para mim!! Estou feliz.
 
 
 
Resta-me aguardar, para saber o que sucederá a este livro.
 
Entretanto, porque não sei estar quieta e ainda não estou pronta para nenhuma nova aventura, seguem-se outras revisões. Talvez releia O Cavalheiro Inglês, que também aguarda decisão, ou um dos meus pobres "engavetados".
 
Fica um excerto pequenino e random - é nessa página que o tenho aberto.
 
A ladeira, um caminho interminável para as minhas pernas curtas e cansadas, levara uma eternidade a percorrer nessa manhã. Ou talvez tivessem sido os mesmos dez minutos de que precisara hoje. O tempo era, na altura como agora, imutável e indeciso, longo e curto, suave e penoso, independente da minha vontade, trazendo coisas e levando coisas. Na altura, não lhe conhecia as manhas.
Dirigi-me à porta meio desfeita e empurrei‑a devagar, receoso de que me ficasse nas mãos. Rangeu ominosamente, mas aguentou-se nas dobradiças como uma velha resistente. Avancei meia dúzia de passos, os chinelos a marcar pegadas de pó. Olhei para elas, lembrando-me dos meus outros pés, muito mais pequenos, sobre a tijoleira vermelha varrida e lavada. Na manhã fria da nossa chegada ali, eu correra pelos quartos, um depois do outro, com poucos móveis a atravancar o espaço, um paraíso infantil de brincadeiras. Deixei os olhos correr as paredes nuas e manchadas, guardando ainda a memória do branco imaculado. Tudo era branco na minha memória, branco de alto a baixo, trazido à vida pela luz, que jorrava pelas janelas a toda a hora, se expandia pelo chão, trepava paredes e ricocheteava nos cantos.
Luz das fadas, Chiquinho.
(A Chama ao Vento, Pág.12)
 

2 comentários:

Olinda Gil disse...

Eu gostei tanto

Ana C. Nunes disse...

Parabéns por terminares mais um projecto.
Gostei do excerto, pois embora seja muito descritivo, acaba por ser interessante e a forma como o narras.