É uma das minhas estátuas favoritas, O Rapto de Proserpina (a Perséfone grega) de Gian Lorenzo Bernini (1598 - 1680), que pode ver-se na Galleria Borghese, em Roma. Espero admirá-la ao vivo um dia, mas por ora fico-me pela contemplação das imagens, da tremenda expressão no rosto de Proserpina, do pormenor sensual dos dedos de Plutão enterrando-se na sua coxa. Apeteceu-me muito, muito, partilhá-la aqui. Um dia destes, trago Laocoonte e os seus filhos, muito mais antiga, igualmente magnífica.
O MITO DE PROSERPINA
Prosérpina
era filha de Ceres, a deusa dos campos e protectora das colheitas. Um dia,
quando a jovem colhia flores com as suas companheiras, sentiu-se atraída pela
beleza da flor do narciso. Afastou-se para a colher; mas, antes de lhe poder
tocar, uma fenda abriu-se na terra, saindo dela um carro puxado por cavalos
negros.
Quem o
conduzia era Plutão, deus dos Infernos, que, apaixonado por Prosérpina, a
raptou, aproveitando a ausência de Ceres. Quando desta voltou, ao aperceber-se
da ausência da filha, procurou-a por toda a parte. Não a encontrando,
refugiou-se na sua tristeza, transformando num deserto estéril e gelado prados
outrora fecundos e verdejantes.
Algum tempo
depois, perante a ameaça que tal situação representava para os mortais,
Júpiter, rei dos deuses, resolveu interceder junto de seu irmão, rei dos
Infernos, enviando até ele Mercúrio. No entanto, a jovem, tentada por Plutão,
enquanto se encontrava no Mundo Subterrâneo, tinha ingerido sementes de romã,
quebrando o jejum, pelo que não podia dissociar-se daquele lugar.
Para amenizar
o sofrimento de Ceres, Júpiter estabeleceu que Prosérpina repartiria o seu
tempo entre os Infernos e a Terra: metade do ano, passá-lo-ia com o marido; a
outra, na companhia da mãe.
Assim,
enquanto ela está na terra, os campos tornam-se férteis, os prados florescem e
as árvores enchem-se de frutos. Quando desce ao mundo dos mortos, a terra
cobre-se de luto e a vida parece cair em torpor, Quando regressa à superfície,
tudo se renova. É o eterno ciclo da Primavera em oposição ao Inverno,
simbolizando, deste modo, a constante regeneração da natureza, o que comummente
designamos por quatro estações, tão bem representadas não apenas no universo da
arte pictórica, como também no mundo da música.
texto em: http://www.prof2000.pt/users/Secjeste/DLRC/2009/proserpina.htm
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