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segunda-feira, 8 de abril de 2013

A Casa do Sono - Jonathan Coe

Vou ter que ser cuidadosa nesta opinião, e distinguir muito bem  valor de prazer, porque este pode ser, sem dúvida, influenciado por um número de factores que não se relacionam em nada com o livro.
 
Quando comecei a leitura d'A Casa do Sono, não esperava que o sono estivesse realmente no centro da narrativa. Pensei que fosse mais sobre a casa do que sobre o sono propriamente dito, mas acaba por ser um livro organizado em torno das fases do sono, das perturbações do sono, dos sonhos, etc. É bastante anos 90 (eu já era crescidinha nessa época, lembro-me) no seu interesse pela psicologia e inevitavelmente datado nas suas referências e no quadro de valores. Não é menos interessante por isso. É um livro sem dúvida bem escrito, intrincado, intrigante, com várias linhas temporais e narrativas que se vão entretecendo e levando a história por caminhos por vezes inesperados. Fui surpreendida algumas vezes, arrastada pela história outras tantas, e dei por mim a sorrir perante alguns raciocícionios, uns quantos absurdos, e certas ironias. Achei curioso comparar os ideiais de juventude com o destino que depois cada um teve, e ver como os diferentes fios de vida se enredavam, de forma acidental ou proprositada. Lê-se muito bem e por vezes dei por mim com muito mais páginas lidas do que esperava para o cansaço que tinha.
 
Foi, porém, um prazer bastante entrecortado e muito cerebral. Digamos que este livro me estimulou o cérebro, mas não me chegou às entranhas. A culpa poderá ter sido da leitura feita aos poucos - ligo-me mais ao livro se o leio de uma assentada, em dois ou três dias - ou de o ter feito algumas vezes a cair de cansaço, distraída. A verdade, porém, é que não cheguei a interessar-me por nenhuma personagem, todas me pareceram vagamente irritantes na sua versão jovem, mais aceitáveis na última fase, mas não o suficiente para importar-me com o seu destino. Estava curiosa para desenrolar este novelo (ora aí está, o cérebro queria saber), mas sem ansiedade, tanto me fazia que a história fosse para a esquerda ou para a direita, desde que me soubesse como terminava. E pronto.  Fiquei satisfeita com o fim, reconheço a mestria do escritor e gostei do seu estilo de escrita simples e complexo ao mesmo tempo, certamente voltarei e lê-lo, mas  faltou-me qualquer coisa.
 
De futuro, terei o cuidado de não me estrear com um autor sem a devida disponibilidade física e mental. A não ser que, pelas opiniões, a leitura seja fácil, fácil.   

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