Páginas

quarta-feira, 20 de março de 2013

Beyond the Highland Mist, de Karen Marie Moning. Mais não, por favor..

Li há pouco tempo, desta autora, os dois primeiro volumes da série Fever, de que gostei o suficiente para adquirir os seguintes. Tinha, para além disso, lido ma série de opiniões entusiásticas sobre os Highlanders, pelo que entrei no livro com alguma expectativa.
 
Desisti a 70% do livro, quando o casal lá se entendeu mas se prevê ainda muita desgraceira. Não quero saber. Não tenho o mínimo interesse em saber o que ainda lhes acontecerá e NÃO VOU ler mais nenhum livro desta série. Oxalá o tivesse perdido além da bruma.
 
Passo a explicar, também eu com grande entusiasmo.
 
A ideia da viagem no tempo é a mesma do que em Outlander - embora neste caso não seja acidental - e noutros. Podia ser giro, porque não? Há tanto a explorar! As diferenças no ambiente, o choque do tempo, dos valores, das atitudes... Imagino-me num mundo sem os confortos modernos, sem duches quentes nem electricidade, sem comunicações e com poucos livros e consigo prever um sem número de situações e sentimentos contraditórios. Mas aqui não entendo. Não há quase nada. Não estranha nada, pelo contrário. Viaja no tempo e mal se questiona. Apanha e aceita. Casam-na com um estranho e mal se queixa. Gosta de tudo, das casas, das pessoas... nem de uns jeans sente falta. Nem de uma casa de banho. E o café, que este sim, faz falta, aparece, convenientemente armazenado. Tudo é belo e interessante e bem cheiroso (!!!!), casas e homens e tudo. Não há doenças. Não há medos, a não ser o do marido por ser... demasiado belo! Porque a faceta assustadora de troglodita do século XVI não a assusta nada. Oh, boy. Por muito mau que fosse o presente e mesmo que a moça tenha crescido em New Orleans, não entendo a total ausência de choque e o fascínio quase automático com o passado.
 
Passa-se na Escócia, o que à partida é bom, muito bom. Um livro passado aí tem meio caminho andado para eu gostar. Outlander também era e A Rosa Rebelde também. Só que nestes a Escócia está lá, a História ou o ambiente, e aqui é um pretexto para nomes exóticos e pirilaus XL a aparecer debaixo dos kilts. De resto, podia ser em Trás-os-Montes. Tanto fazia. O rapaz chamar-se Douglas e insistir em chamar lass à rapariga não chega. Não chega, não.
 
Aparentemente os homens escoceses do século XVI são todos altos, verdadeiros gigantes musculados, sexo ambulante. Sobretudo o herói, que é belo como um deus e 'dotado'... bem, hung like a horse, transpira sexo por todos os poros... e só pensa nisso. E isso é que dá cabo da minha leitura.
 
A história, mesmo com a interferência do mundo das fadas, do mundo mágico escocês (essencial, mas que aparece de forma escassa e mesquinha) é comum. Há um amor à primera vista,  triângulos amorosos,  raspões com a morte de um lado e do outro, confusões e desentendimentos. etc, etc.Tudo isto é aceitável, se bem manipulado. Mas não foi. Ele e ela reclamam ódios e amores e etc e etc, mas no fundo tudo se resume a sexo. Sexo é amor e amor é sexo, não há distinção. Quando ele diz que a ama, invariavelmente destaca os seus atributos físicos, a sensualidade, etc. De quando em quando, lá fala das suas outras qualidades. Meh. Ela resiste, resiste, odeia homens belos, mas suspira por eles e deixa-se levar a toda a hora. Meh.
 
O pior de tudo: ele acha que ela tem que ser 'domada' como uma égua ou 'treinada' como um falcão, com venda nos olhos e tudo. E acaba por fazê-lo, ata-lhe as mãos, tapa-lhe os olhos e leva-a sabe-se lá para onde. Juro que entendia se se tratasse de um mero jogo sexual com consentimento mútuo. Mas ele quer conquistar-lhe assim o coração, o que para ele é o mesmo que DOMINÁ-LA!!! No, no, no, no, no! E ela, uma mulher do século XX que já passou por maus tratos e humilhações públicas e matou o ex em autodefesa, e que de início não quer nadinha com ele (mas quer, meh, afinal ele é sex on a stick... on a pole... with a pole... whatever) acaba por concordar e ceder. E achar bem. Dá-me uma fúria. Dá-me comichões. É a negação de séculos de luta pela afirmação feminina. Pouco me importa que se diga que é um homem maravilhoso. Ele que mostre.
 
Quando o sexo acontece por fim, ainda se descobre que uma mulher adulta do século XX, que teve durante anos um noivo  e aparenta experiência, é... o que é que dava mesmo jeito ao ego masculino? Digam lá, digam lá! Tcha-nã... tcha-nã... é virgem, pois claro, pura como a neve (antes do troglodita ir por ali adiante a pisotear tudo, claro). Ele já teve milhares de mulheres, é um homem empreendedor, mas ela, claro, é o sonho de qualquer macho, purinha, purinha. Mesmo assim, atinge as estrelas, é assim mesmo que o livro diz, as estrelas, para lá das estrelas, logo na sua primeira vez. O homem mal se aguenta, mas não faz mal, só o cheiro deve chegar para a atirar para o orgasmo da sua vida. Meh. 
  
Enfim, podia discorrer e discorrer sobre o exagero de beleza por todo o lado, excesso de atração sexual, trogloditas e mulheres que parecem ter espinha, mas não têm. Podia. Mas não vale a pena. O que não vou é deixar-me convencer que aquilo é amor, nem que o homem não age como um tipo das cavernas. Nem sequer ponho aqui a sinopse, e vamos lá ver se depois disto, ainda sou capaz de voltar à série Fever, porque parece-me que este terceiro volume vai ser um bocado isto - homens belos e dominadores, e sexo, sexo, sexo.
 
 

Sem comentários: