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domingo, 24 de fevereiro de 2013

The Night Train - Martin Amis

Pequeno volume do final dos anos 90, com um estilo muito próprio, coloquial e ao mesmo tempo elaborado, sem contemplações, duro e um pouco amargo, no qual o suicídio sem motivo aparente de uma jovem bem sucedida e feliz serve como pretexto para uma viagem (várias?) por aspectos obscuros do ser humano.
 
A narração na primeira pessoa, na voz de uma polícia loura  e pesada (por dentro e por fora) quase na reforma , com uma história de alcoolismo e uma infância marcada pelo abuso sexual, imprime uma visão muito própria, céptica mas ao mesmo tempo muito humana à história. Acaba por tratar-se menos do mistério policial - e há um mistério, porque havia uma jovem bem sucedida e feliz de suicidar-se? - do que da descoberta que vamos fazendo desta personagem e do mundo visto pelos seus olhos cansados, experientes e compassivos. É um texto de Polícias, ou desta mulher polícia, e de certa forma um polícial, mas não o tradicional who-dunne-it. É mais um did-anyone-duune-it. Ou why-she-dunne-it. Se é um policial, não foi o exactamente o policial que me cativou. Nem sei bem o que foi.
 
O texto divide-se em três partes: a primeira chama-se Blowback, referente aos resíduos de pólvora que permanecem na pele ou vestuário após o disparo de uma arma (na verdade, este caso é um blowback da sua vida para a agente Mike); a segunda Felo de Se, processo de autodestruição ou suicídio, a terceira The Seeing, termo utilizado, em diálogo no livro, para o acto de ver o Universo pelo telescópio, com os próprios olhos, em vez de receber dados pelo computador. No início da segunda parte, encontramos a explicação do título (ou uma explicação do título) nas palavras da agente Mike:
 
"Suicide is the  night train, speeding your way to darkness. You buy your ticket and you climb on board. That ticket costs you evertything you have. But it's just a one-way. This train takes you into the night, and leaves you there. It's the night train."
 
Este texto é como um comboio nocturno. Quem já andou de comboio de noite sentiu aquela impressão estranha de paz e, ao mesmo tempo de semi-assombração, de medo vago e sem motivo, que a solidão da noite e o vazio relativo das carruagens traz Como se não nos levasse a lado nenhum a não ser para o centro da noite. É um pouco assim este livro - sem soluções. Como refere uma das opiniões na contracapa (do Telegraph Magazine), Night Train é, ao mesmo tempo, "delicate and bruising".


Sinopse:
From the bestselling author of London Fields, The Information and Heavy Water comes this stylistically brilliant story. As riveting as the best of Elmore Leonard, Night Train is a gritty, totally captivating mystery about a female homicide detective and the one case that got under her skin.

 

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