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domingo, 6 de janeiro de 2013

The Princess Bride - William Goldman

Opinião:
(ATENÇÃO: tem alguns spoilers)
Depois de terminar a leitura de The Princess Bride, senti-me compelida a pesquisar - muito rapidamente - o seu autor, para conhecer de forma sumária os factos essenciais da sua vida, como por exemplo com quem foi casado e quantos filhos teve. Para explicar esta compulsão tenho que voltar atrás na minha  história com este livro. Há anos que queria lê-lo (e ver o filme, o que ainda não fiz), e esperava, ao adquri-lo para o kindle, ler uma maravilhosa mas comum história de aventuras. Não podia estar mais enganada.
 
O título completo deste livro é The Princess Bride: S. Morgenstern's Classic Tale of True Love and High Adventure. E logo aqui comecei eu, que não conhecia nada sobre o livro, a franzir as sobrancelhas - mas então o livro é de Goldman ou de Morgenstern? Pois é. Aqui é que entra o génio do autor. O livro é-nos oferecido como sendo um abridgement de uma novela mais vasta e com partes muito aborrecidas, escrita por um suposto Morgenstern, um Florinese... Florinese? Hum-hum. Isso. Já lá vamos. Ao nome, primeiro. A minha mini-pesquisa levou-me a descobrir que este nome (de um autor fictício de uma Princess Bride que não existe) é uma espécie de homenagem ao inventor do género Bildungsroman, romance comming-of-age, ou em que se acompanha o crescimento da personagem. Eu própria já os escrevi, é o caso do A Grande Mão, por exemplo. Esta questão do autor desconhecido e da homenagem  seria suficiente para me fazer suspeitar da natureza desta história e do que ia ler... se me tivesse apercebido mais cedo.
 
Ao iniciar a leitura, porém, não fazia ideia. Pensei que ia mergulhar de cabeça na high-adventure prometida, o que me levou a uma grande confusão e uma certa impaciência no início da história. Porque a narração da aventura propriamente dita só começa entre os 10 e os 15% do livro! E, todavia, está aí o que faz com que este livro fuja ao padrão e seja, com isso, melhor. É uma história dentro de outra história. No início, o autor, falando na primeira pessoa, como Goldman, narra os factos da sua vida (!!) que conduziram ao abridgement da história - e nós ficamos na dúvida sobre quais desses factos são reais e quais são fictícios, porque nos refere filmes, actores, reaizadores, locais que são reais, mas depois afirma-se descendente de Florineses... sendo Florin um país fictício ali para os lados da Alemanha, onde supostamente a acção do The Princess Bride teria lugar. O pai seria de lá, e quase analfabeto. Apresenta-nos uma mulher psicóloga, um filho gordíssimo, um divórcio que nunca existiram. Mas também nos fala de filmes cujos guiões realmente escreveu, de actores que neles entraram... Todo o livro é um grande engodo e uma maravilhosa e confusa mentira.
 
A aventura em si é divertida. O génio está na forma como é contada, tongue in cheek, ironizando e homenageando o género. Há diálogos hilariantes, situações completamente impossíveis, personagens inesqueciveis, quase de circo - o gigante forte e burro, o melhor espadachim do mundo, o corcunda inteligente, a leiteira mais bela da terra, etc - que fazem parte desse género. O maravilhoso é a forma como se chega à descrição. Dei por mim a sorrir durante quase toda a história, divertida ora com os diálogos e a forma como ela é contada, ora com os apartes  do autor quando corta a hstória ou quando é preciso explicar, ou apenas porque lhe apetece. Comenta o que é e o que devia ser, faz promessas para o fim da história (o tal fim feliz que ele próprio defende que estas histórias têm que ter), e conta as suas supostas reações quando, em criança, a história lhe foi lida.
 
O final é igualmente curioso. A Princess acaba num cliffhanger. Entra em modo Goldman, fala de processos que lhe foram levantados pelos advogados da família Morgenstern (!!!!), fala da família, e acaba por referir uma sequela, Buttercup's Baby, de que quer fazer o abridgment para o neto. E entra Stephen King, também ele supostamente descendente de Florineses. Reproduz um diálogo e tudo. E eu com um grande sorriso perante tudo isto!! E para que serve? Para resolver o cliffhanger e dar-nos o fim da narrativa doThe Princess Bride.
 
E que longa vai a minha opinião, cheia dos spoilers que detesto fazer! Em súmula, este livro é mesmo a minha praia. Adoro um livro que brinque consigo próprio, com os clichés do género, um autor que não se leve a sério e, ao mesmo tempo, nos ofereça um belo exercício de escrita em torno da escrita. E que o faça bem. Foi uma surpresa.
 
Sinopse:
William Goldman's modern fantasy classic is a simple, exceptional story about quests—for riches, revenge, power, and, of course, true love—that's thrilling and timeless.
Anyone who lived through the 1980s may find it impossible—inconceivable, even—to equate The Princess Bride with anything other than the sweet, celluloid romance of Westley and Buttercup, but the film is only a fraction of the ingenious storytelling you'll find in these pages. Rich in character and satire, the novel is set in 1941 and framed cleverly as an “abridged” retelling of a centuries-old tale set in the fabled country of Florin that's home to “Beasts of all natures and descriptions. Pain. Death. Brave men. Coward men. Strongest men. Chases. Escapes. Lies. Truths. Passions.”

2 comentários:

Amy The Ripper disse...

oii, sabe onde eu posso comprar esse livro? :33

Carla M. Soares disse...

Amy, eu mandei vir da Amazon. Dependendo de onde viva, pode valer mais a pena a Amazon.uk ou a Amazon.com, mas nenhum sai caro, se comprar em new ou used pode até ser muito mais barato.

Boa leitura!