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sábado, 26 de janeiro de 2013

Palavra

imagem em :http://www.euniverso.com.br
Flutua a palavra no tempo e por dentro dele, prenhe de pregas e recantos
Contorna-o e ilude-o
Abandona-o e regressa e fica onde lhe apetece
 
Devagar desdobra-se e descobre 
Exacta sempre, corta a espessura da alma e nela encontra os lugares infímos onde tão perfeitamente vive
Hoje abre sorrisos
Amanhã talvez seja desejo incumprido, braços abertos sobre varandas de outros dias
Ou arrancará dores secretas de peitos que as não adivinham
 
É feroz, a palavra, na sua intenção 
Jamais se apresenta recém nascida, inocente 
Porque se se veste de céu claro, é engano
Nunca a palavra é limpa
Vem suja das tintas do seu pintor de sentidos
Suja das pontas dos seus dedos, das extremidades negras das suas ideias, da terra donde arranca seivas das profundidades, onde enterra os pés

Centro bojudo de navio-corta-mares, corta-ventos, redonda aguça extremidades para atingir fins 
Pára morta no fim da linha 
Atrás de si fica o assobio de corredores vazios
Nada
Termina
E regressa
 

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