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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O Hobbit - Peter Jackson

Quando há miúdos em casa, as idas ao cinema resumem-se durante uns anos a filmes de animação, com uma escapadela ocasional, às custas de uma noitada dos avós. Depois tornam-se adolescentes e lá levamos nós com uma ou outra banhada - o último que vi antes deste tinha-o prometido à minha filha de 13 anos, e fui de boa vontade e muito contente, porque ela preferiu ir comigo do que com as amigas. Pobres de nós, mães, a ver escaparem-se-nos os filhotes! Vi o Amanhacer, parte 2, com (finalmente) uma cena de batalha!


Este quis vê-lo, sou fã, mas a filha já tinha ido (com os amiguinhos), o pequeno não queria, e por isso... avós ao serviço! Lá fui, lá me sentei,  com o meu terrível balde de pipocas e dois pares de óculos empoleirados no nariz: os 'de ver' e os 3D. Confesso que receava aborrecer-me de morte, ficar desiludida, etc. Quando as expectativas são altas, é muitas vezes o que acontece. Não é o LOTR, mas tão pouco fiquei desiludida.

Li há muitos anos este livro de Tolkien - demasiados para recordar-me dos pormenores. Recordo-me de uma longa viagem feita com anões, de um dragão, e da forma como Bilbo acha o anel e se safa de... nah. Fico por aqui, para não criar um spoiler. Não vou tentar comparar livro e filme. Vou é dizer que matei saudades da Terra Média, com muita alegria, e apreciei um filme dinâmico, divertido e, se aceitarmos os exageros como parte destes filmes de aventuras, bem feito. Porque sim, há exageros do tipo James Bond, como 13 anões e um feiticeiro a escorregarem por uma espécie de ravina funda, ou buraco, o que quiserem, em cima de uma plataforma, e não morrer nenhum!.

Peter Jackson recupera, e muito bem, personagens, locais, e principalmente o ambiente muito particular da Terra Média. Reconhecemos muitos dos lugares de LOTR, não só o Shire e Bag's End, mas também Rivendell e Moria, e figuras como os orcs, os elfos, Elron e a Rainha, o gollum, Saruman, Gandalf e Bilbo, claro, e até Frodo faz uma breve aparição.  O filme é, porém, menos sério, menos soturno, mais aventuresco e menos épico - embora com momentos épicos.  Não domina ainda a presença negra de Sauron, embora a suspeita dessa ameaça, depois de uma paz de 400 anos, se sinta em sinais do mal, como trolls e orcs que descem das suas terras, espectros e fantasmas e o apodrecimento de parcelas da floresta, e nas conversas veladas entre Gandalf e os elfos. O que está no centro deste filme é uma demanda mais modesta, mas com a qual podemos identificar-nos: a da recuperação de um lar, o dos anões, perdido para o dragão há muito anos. O inimigo é também mais acessíel, menos 'maior do que a vida' - embora seja um orc gigante. Como Jackson conseguirá que essa demanda se estenda a vários filmes sem se tornar entediante, logo se verá. Este não foi.

 
O hobbit é mais uma vez uma herói involuntário (muito) e improvável - mas Bilbo é muito mais engraçado do que Frodo, nas suas hesitações e expressões, na sua astúcia, e é, claro, muito menos 'assombrado' do que Frodo, que carrega o anel. Bilbo só carrega o seu medo e a saudade de casa. Muito divertida é também a companhia dos anões, com excepção da figura de proa, Thror, o rei sem reino, que é um personagem trágica e heróica, uma espécie de Aragorn mais barbudo e, ao contrário deste, com toda a ventade  de assumir o seu lugar. O conjunto dos anões lembrou-me muito a aldeia gaulesa de Asterix, e ri-me com eles com alguma frequência.
 
 

2 comentários:

Unknown disse...

Fui ver o filme este fim de semana, confesso que não tinha muita vontade, mas como o meu marido queria ver, lá fui eu. Vi a versão digital e fiquei bastante surpreendida, gostei mais do que estava à espera. Tem o inconveniente de ser muito grande e um bocado da primeira parte ser seca, mas depois é sempre a andar e deixa-nos com muita vontade de ler a continuação.

Unknown disse...

Tens um selo no meu blogue para ti :)

http://arttemizzabooks.blogspot.pt/2012/12/selo-campanha-de-iniciativa-leitura.html