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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O ventre

Estou de parabéns, trabalhei como uma escrava mas estou completamente updated nos meus 220 (ou assim) testes. Das nove turmas, já vou na sétima, e por isso dei a mim mesma uma folga de minutos, para um post que me apeteceu.

Outro texto de 1990, quando tinha a mania que era poeta.


Rompido o sangue, e o sémen
do oculto ao inútil uma breve
e estreita palavra uma passagem

assim como um atalho
para cima do sol, acima de todas
as cabeças paira uma águia

assim fica suspenso o feto
suspenso líquido e sempre céu
do largo ventre de repente aberto

Rompido o sangue, e o sémen
um rasto de pegada com perfume
a vaga primavera e resto de pudor

assim como ter em tempos vivido
como um sol no calor de outro sol

protegido, em ventre aberto,
                              de uma águia.