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sábado, 27 de outubro de 2012

A Leste do Paraíso - John Steinbeck - e o filme

É uma leitura antiga, mas lembrei-me dela hoje, a propósito de um comentário no Facebook. O que me ocorreu de imediato foi: mas porque é que nunca falei deste livro maravilhoso no monster?
 
 
 Correu demasiado rio sobre esta leitura para eu me lembrar com detalhe do desenrolar do livro - mas pouco importa, porque eu nunca narro os acontecimentos por aqui. Trago ideias, impressões. E essas estão bem vivas, decerto misturadas com as minhas próprias torturas adolescentes e com o calor das tardes de verão em que o li, numa cópia velha, amarelada e gasta (com a capa aqui ao lado), que pertence aos meus pais. Um dia faço um post sobre os livros que surrupiei da sua estante e outras, emprestados, claro, e os que ainda lá estão. Mas por ora.

 
Por ora:
 
Sinopse:
A Leste do Paraíso, relata, sob a forma de um grande «fresco histórico», a vida de várias gerações de duas famílias californianas, os Trask e os Hamilton, de 1860 a 1920. Nas palavras do próprio autor: «O assunto é o mesmo que cada homem tem utilizado como tema: a existência, o equilíbrio, a batalha e a vitória, na eterna guerra entre a sabedoria e a ignorância, a luz e a treva, o bem e o mal».

 
Opinião:
De A Leste do Paraíso ficou-me a dimensão do livro, que já levou a que fosse dividido em volumes, e que é um nada, porque se lê compulsivamente. Recordo-me de, em muito jovem, levar o tijolo para toda a parte, para a mesa, onde ficava à minha espera, para a casa de banho, onde me esquecia do tempo, para a cama, onde perdia horas e horas de sono - felizmente era verão.
Talvez por ser tão jovem nesta leitura, ficou-me, mais do que a história da família, a ideia de uma narrativa sobre a inquietude de uma certa adolescência, e penso agora, a bom caminho na minha idade adulta, num tempo muito antes dos sms, antes do Glee, antes do Jersey Shore, antes da independência, antes do sexo, numa altura muito particular dos USA, difícil para jovens e adultos, para as famílias. Porque é uma história de família, sim, e de amor, que se calhar é a história de um país, mas não me lembro da família: lembro-me dos irmãos, do amor do irmão rebelde, tão desonrientado, tão desesperado, e da rapariga, do feno e, vá-se lá saber porquê, ou até sei, sempre é na Califórnia, vem-me um perfume a laranjas.
 
Esta história é sobretudo a das velhas batalhas de amor e ódio, de inadaptação e desencontro, de alegria e dor que atingem o seu expoente de desiquilibrio durante a juventude. Arrancaram-me, na altura, uma torrente de lágrimas e ainda agora o sabor da recordação é agridoce, e é-me tão querida que hesito em alguma vez voltar a lê-lo.
 
Vale também a pena espreitar o filme de Elia Kazan - ver James Dean no seu (habitual) papel de jovem misfit torturado, implorando ao pai, entre lágrimas,  à sua maneira, para ser amado. Consta que não estava no guião. Mas devia ter estado.
 
O fim é trágico, claro. Faz parte.

 
Hum. Talvez as minhas recordações de ambas as coisas estejam misturadas. É provável. Não faz mal.
 
 
 

1 comentário:

Ivonne Zuzarte disse...

Não faz mal, não!

Não conhecia nem o livro nem o filme, mas gostei da opinião. Posso estar a confundir, talve já tenha visto o filme, mas não recordo...

De qualquer forma, um dia... um dia, leio-o!

(quanto ao ultimo comentário no meu blogue, Carla, Obrigada. Mas tirei o post. Enganei-me a agendar. É para 3f :D mas o comentário figura lá, não o apaguei!)