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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Funeral da Nossa Mãe - Célia Loureiro (beta-reading)

Célia Loureiro
Sinopse:
Quando Carolina Alves se suicida, aos 58 anos, deixa um último pedido: o de que as suas três filhas se reúnam no seu funeral, na pequena povoação (fictícia) de Vila Flor, Alto Alentejo.Quer que participem na festa em honra da padroeira da mesma, pondo de lado o decoro esperado de três órfãs.

Luísa emigrou para França, é viciada em trabalho e despreza o seu passado. Praticamente jurara não voltar a pisar a vila da sua infância. Cecília, recentemente casada, é pianista de fama relativa e acabara de se mudar definitivamente para Vila Flor. Inês, que dedica a sua juventude às causas políticas, mal recorda um pai de quem se vai falar bastante e que morreu num trágico acidente de carro em vésperas de Natal...

Com a ajuda de Elisa, única irmã de Carolina, vão desvendar ao longo de quatro dias o passado inesperado da mãe, que não é bem aquilo que tinham julgado, e que cometeu um acto indesculpável para prender, há trinta e oito anos atrás, aquele que viria a ser o pai das suas três filhas..
Opinião:
Tive este texto nas mãos em beta-reading e num formato que não favoreceu a leitura, pelo que, desta vez, vou reduzir a opinião ao mínimo e comunicar à autora, directamente, os meus comentários. A Célia ainda está em revisões e em processo de decisão quanto a alguns pormenores da história. Em princípio será lançado em Outubro, mas ainda não conheço a capa.

Refiro apenas que este suicídio e a consequente reunião das irmãs é o mote para descobertas amargas sobre a família, sobre os pais e a sua história. As personagens têm coereência e os factos também, a vida da aldeia parece-me, a mim que não a conheço, bem descrita. O uso do português é mais comedido do que no seu livro anterior, mais maduro. Há pormenores a limar, claro, na revisão, e em momentos achei que não seria necessário dizer 'como' as pessoas são, porque se percebia das suas acções. A intriga não é imprevisível - não tem que ser - e aqui e ali confundem-me ligeiramente as idas e vindas no tempo, mas acho que a culpa é do formato em que li.

Para o meu gosto pessoal, a história reune muito desencanto. Não cai na lamechice nem na auto-comiseração, há momentos comoventes, mas terminei com um trago amargo  e a impressão de que as personagens estão todas presas nas suas heranças genéticas e nos erros passados - de outros. A Célia deixa uma luzinha ao fundo do túnel, mas gostava de a ver um pouco mais brilhante. No entanto, é um texto muito português, um desengano familiar bem narrado que vai agradar de certeza aos fãs da Célia.

Para mais informações, aqui fica o link para o blogue da autora:

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