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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Estive em Almourol finalmente!

O castelinho charmoso no meio do Tejo exige dois minutos numa barquinha colorida e visita-se em meia hora (disse o barqueiro 'venho buscar-vos daqui a meia hora, mais ou menos', e acentuou o mais ou menos. Apareceu quase uma hora mais tarde!)
 
As ameias estão proibidas mas apetece visitar, trepar até ao cimo do torreão pede boa pernoca e pés pequenos, para o último lance de escadinhas de madeira, que são pouco mais do que um escadote. Uma vez lá em cima, os mosquitos são muitos e a vista do Tejo é linda.
 
Suamos, tiramos fotos sob um sol maravilhoso. As que aqui estão são essas mesmas, de produção caseira.
 
E, como cada castelo tem a sua lenda e nós gostamos é de histórias, aqui fica a do Castelo de Almourol, também conhecida como a Lenda de Beatriz e o Mouro. Fez-me lembrar o livrinho que ainda agora li.
 
"Em tempos que já lá vão, em que a Península Ibérica estava dividida entre os mouros e os descendentes dos visigodos, nasceu uma lenda de um amor destinado a ser impossível.

Vivia então no Castelo de Almourol um nobre godo, de seu nome D. Ramiro, com a sua mulher e uma filha única chamada Beatriz. D. Ramiro era um chefe guerreiro que travava frequentes batalhas contra os mouros, tendo fama de impiedoso e cruel.

Um dia voltava das sua guerras quando já próximo do seu castelo avistou duas belas mouras, mãe e filha, transportando água numa bilha. O nobre godo parou o seu cavalo e pediu-lhes de beber mas as mouras assustaram-se e deixaram cair a bilha de água que se partiu.

O impaciente D. Ramiro ficou cheio de raiva e logo ali as matou com a sua lança, mas antes de morrer a moura mais jovem amaldiçoou o cavaleiro cristão e toda a sua descendência. Aos gritos de morte das mouras, acorreu um rapaz de onze anos, filho e irmão das infelizes, que ficou estarrecido perante o terrível e inevitável sucedido. D. Ramiro levou o jovem mouro como escravo para o castelo e pô-lo ao serviço de sua filha Beatriz.

O mouro jurou vingar-se da morte das mulheres da sua família e, passados alguns anos, a mulher de D. Ramiro morreu envenenada, cumprindo-se assim a primeira parte da vingança. D. Ramiro, cheio de desgosto, resolveu ir combater os infiéis deixando Beatriz à guarda do mouro que não conseguiu cumprir a segunda parte da sua jura. Na verdade, Beatriz e o mouro apaixonaram-se perdidamente. Mas um dia D. Ramiro voltou ao seu castelo acompanhado pelo pretendente a quem tinha concedido a mão da sua filha.

O apaixonado mouro preferia morrer a perder a sua Beatriz e contou-lhe a história da sua desgraça e as juras de vingança. Não se sabe muito bem o que se passou depois mas decerto que Beatriz lhe perdoou. A lenda conta que Beatriz e o mouro desapareceram como que por encanto e que D. Ramiro morreu pouco depois cheio de remorsos.

Diz quem sabe, que no dia de S. João as almas do mouro e de Beatriz ainda hoje aparecem na torre do castelo, e que D. Ramiro, rojado a seus pés, pede eterno perdão pelos seus crimes."


em: http://lendasecalendas.omeuforum.net/t121-lenda-de-beatriz-e-o-mouro-almourol



 

2 comentários:

Cristina Torrão disse...

Há tantas lendas de mouros e cristãos, no nosso país, e escreve-se tão pouco sobre o tema... Fosse em Inglaterra e já existiriam centenas de romances.

Também já estive em Almourol, mas há mais de dez anos.

P.S. Obrigada pela tua opinião sobre o meu livro. Amanhã, será publicado um post no Andanças com essa referência ;)

Carla M. Soares disse...

Gostei muito do teu livro. :)
Os aspectos que apontei não diminuiram nadinha o meu prazer em lê-lo, apenas é meu hábito dissecar um bocadinho as oisas (vício de formação!)
E aprendi muito sobre os aspectos quotidianos da vida na época. Foi muito bom!