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sexta-feira, 22 de junho de 2012

A Flor do Sal - Rosa Lobato de Faria

Sinopse:
Entre a História e a actualidade, os mistérios do amor e da morte.
"A Flor do Sal" fala-nos da construção de um livro sobre um marinheiro do século XV e sobre o episódio de que ele foi protagonista.
Esse pescador de Cascais, Afonso Sanches (que efectivamente existiu), mais tarde baleeiro e por fim piloto de uma expedição que buscava a Índia a Ocidente, chegou casualmente às costas da América em 1481 (onze anos antes de Colombo) e disso deu notícia ao rei D. João II. Porém, o rei pediu-lhe silêncio sobre o seu achamento, por estar em vias de elaboração o Tratado de Tordesilhas.
Mais de quinhentos anos depois, uma escritora aproveita este facto histórico para elaborar a sua própria ficção - e a sua história cruza-se com a de Afonso Sanches, num romance sobre os mistérios da criatividade, do amor e da morte.
"A Flor do Sal" vem confirmar a maturidade literária de Rosa Lobato de Faria e impô-la como um nome incontornável da nossa mais moderna ficção.

Opinião:
Às vezes, sem razão nenhuma ou por todas as razões, há um livro que nos apaixona e que nos faz verter de dentro do peito as palavras para falar dele. Assim foi este pequeno romance que acabei de ler, e para cujo encanto podia apontar tantas razões, a crueza de alguns sentimentos, a chocar sensibilidades, a beleza da escrita, o fascínio de uma história a duas vozes, em dois tempos, que nos levam embarcados em viagens tão diferentes, tão semelhantes, o entrelaçar da fantasia na realidade de forma tão suave como a renda de um vestido antigo.
Onde Guiomar e Lourenço chocam, perturbam, irritam o nervo social, a linguagem enternece. O nosso dedo ergue-se, acusador, mas não chega a estender-se inteiramente, porque entendemos: a sua não é uma realidade sã, como a nossa. A sua é uma loucura terna de livro. E então somos levados pelo desejo no coração quinhenista de  Afonso Sanches, pela sua 'saudade ao contrário', pela sua boa alma de homem honesto. Homem que sonha, homem que descobre, que ama, que vive. E depois regressamos ao presente e voltamos a escaparnos para o passado, e presente e passado são linhas paralelas que aqui e ali se tocam, na voz de um fantasma, pela mão de uma escritora.
Rosa Lobato de Faria tem sido uma surpresa para mim, habituada ao seu jeito de senhora bem, ao seu humor delicioso, à ironia fina na sua expressão. Na inteligência da composição, na irreverência absolutamente inesperada - e, desta vez, chocante - na poesia da linguagem. Vou ler mais. Não tenho dúvida.

3 comentários:

cris disse...

Nao te sei dizer qual o livro da Rosinha que gosto mais... A sua escrita é sublime. Tambem eu me apaixonei por ela!
Bj
Cris
O tempo entreos meus livros

Carla M. Soares disse...

Gostei tanto! Sem dúvida que vou ler outros. Sugestões?

Marg disse...

Concordo com a Cris: a escrita dela é sublime! Gostei de todos, mas como também já lhe disse gostei especialmente de "Os Pássaros de Seda" e "Os 3 Casamentos de Camila S." Gostei tanto que já os reli!

Mas a escolha é difícil! São todos tão bons...

Beijinho