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sábado, 5 de maio de 2012

A itinerante - Fui à Feira II

Mesmo acima dos alfarrabistas na Feira, perto de uma zona infantil, antes dos churros e outros fritos, descobri esta pérola, que de repente me transportou para um tempo sem FNACs nem Continentes ou outras grandes superfícies, quando era muito mais difícil para uma criança ter um livro novo.


Uma destas bibliotecas itinerantes parava mesmo à frente da minha escola primária, creio que de duas em duas semanas, e formava-se uma fila à porta para trocar os livros escolhidos anteriormente, à razão de dois ou três por criança! Quantos li eu assim, seleccionados demoradamente e com cuidado, devorados num instante mal chegava a casa! 
Tinha-me esquecido da excitação, da impressão de que segredos maravilhosos me esperavam lá dentro. A ansiedade com que esperava o regresso da biblioteca fazia com que o intervalo parecesse de dois meses, da mesma forma que, sendo na altura mais pequena, a carrinha me parecia muito maior. 

Será que ainda leva sonhos às crianças com pouco acesso aos livros, ou será apenas um vestígio de outra época, exposto na feira como se expõe um dinossáurio num museu?

1 comentário:

Unknown disse...

Olá Carla,
Há ainda bibliotecas itinerante. Na aldeia em que a minha mãe vive, de duas em duas semanas, lá vai a carrinha com livros, filmes e cd's. De uma vez para a outra consegue-se determinado livro (conta-me a minha mãe que o livreiro até lhe sugere livros).
Mas o triste é que, esta biblioteca, vai à serra do Caldeirão nos meses de aulas apenas, e às quartas, quando os poucos miúdos que por existem estão nas aulas. No verão (longos verões passei por lá a ler livros e a brincar nas ruas) a biblioteca tem mais que fazer e vai promover as leituras nas praias de Quarteira.
Se é interessante ter uma biblioteca "à mão" quando se está na praia? é, certamente. Se mais leitores vão lá requisitar livros (do que nas aldeias da serra)? Sim, certamente.
Mas é triste, muito triste ver que só importante levar cultura às freguesias mais longínquas quando não há ninguém mais importante.
Bas leituras