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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Teaser O Jogo do Anjo, a propósito

Logo a abrir, tão a propósito neste momento da minha vida, lê-se:


Um escritor nunca esquece a primeira vez que aceita umas moedas ou um elogio em troca de uma história. Nunca esquece a primeira vez que sente no sangue o doce veneno da vaidade e acredita que, se conseguir que ninguém descubra a sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de lhe dar um tecto sobre a cabeça, um prato quente no fim do dia e o que mais deseja: o seu nome impresso num miserável pedaço de papel que com certeza viverá mais do que ele. Um escritor está condenado a recordar esse momento, porque nessa altura já esta perdido e a sua alma tem preço.
O Jogo do Anjo, pág 9




Esqueçamos o sonho do tecto sobre a cabeça e do prato quente no fim do dia. Todos os sonhos são permitidos e, por ora, gratuítos, mas estamos em solo nacional. Não me pagava a ginástica, se a fizesse, mas talvez chegue para umas idas ao cinema. 
Fico-me pelo que se diz imediatamente antes e pela esperança, desta vez coisa minha, de que ninguém descubra a falta de talento, e este meu primeiro livro, com todas as virtudes e defeitos da primeira vez, se saia suficientemente bem... suficientemente para poder vir a sentir novamente e ilusão e a vaidade de publicar outras coisas, umas diferentes, outras semelhantes, mas com o inestimável benefício da experiência.  Mesmo com um preço na alma.

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