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sábado, 4 de fevereiro de 2012

Os Homens que odeiam as mulheres - David Fincher

Journalist Mikael Blomkvist is aided in his search for a woman who has been missing for forty years by Lisbeth Salander, a young computer hacker.
IMDB rating :8.1


The Girl With The Dragon Tattoo - Stieg Larsson
sinopse (amazon):
A spellbinding amalgam of murder mystery, family saga, love story, and financial intrigue.
It’s about the disappearance forty years ago of Harriet Vanger, a young scion of one of the wealthiest families in Sweden . . . and about her octogenarian uncle, determined to know the truth about what he believes was her murder.
It’s about Mikael Blomkvist, a crusading journalist recently at the wrong end of a libel case, hired to get to the bottom of Harriet’s disappearance . . . and about Lisbeth Salander, a twenty-four-year-old pierced and tattooed genius hacker possessed of the hard-earned wisdom of someone twice her age—and a terrifying capacity for ruthlessness to go with it—who assists Blomkvist with the investigation. This unlikely team discovers a vein of nearly unfathomable iniquity running through the Vanger family, astonishing corruption in the highest echelons of Swedish industrialism—and an unexpected connection between themselves.
It’s a contagiously exciting, stunningly intelligent novel about society at its most hidden, and about the intimate lives of a brilliantly realized cast of characters, all of them forced to face the darker aspects of their world and of their own lives.


Opinião:
Li este livro há cerca de dois anos, e no ano passado tive a oportunidade de ver a versão sueca do filme. A leitura do livro agradou-me, embora me tivesse parecido, em momentos, demasiado extenso na descrição de circunstâncias políticas, sociais e económicas da realidade sueca - sim, é interessante sabe mais sobre um povo reservado do qual apenas conhecia as excelentes condições de vida e as temperaturas extremamente frias, mas, em momentos, explicações extensas vêm em detrimento da tensão e cadência desta história, com excelentes elementos de mistério e até horror. 
Nesse sentido, o filme sueco também me pareceu falhar ligeiramente. Actores um pouco frios - se calhar até mais de acordo com a natureza sueca, mas não beneficia o enredo - e alguma falta de sequência nos acontecimentos, ou talvez deva dizer que o enfase nem sempre esteve nos que se me afigurava mais intenso e relevantes. O resultado foi que o filme perdeu alguma força e muito do horror inerente aos crimes cometidos.

Decidi assistir à nova versão com certa desconfiança. Afinal, as adapções de Hollywood pecam, por vezes, por um exagero da ação em detrimento de outros aspetos, como o aprofundamento das personagens, a caraterização de espaços e a devida integração dos acontecimentos num contexto - neste caso,  fora do espaço americano. David Fincher porém, não deixou os seus créditos em mãos alheias e foi, a meu ver, muito bem sucedido. 
Assisti a esta versão agarrada à cadeira, aguardando com ansiedade o desenrolar de acontecimentos que conhecia sobejamente e apreciando a tensão subjacente desde o primeiro instante, graças  a uma fotografia (magnifica): exteriores e interiores cinzentos e brancos, sugestivos de uma limpeza e frieza rapidamente negadas pela banda sonora dissonante (muitíssimo boa) e pela revelação de uma corrupção e podridão que não associamos à sociedade sueca. Em ambos, imagem e som, se pressente o medo, o confronto prestes a acontecer, a impossibilidade claustrofóbica de escapar. O enfoque está onde deve estar, seguindo com fidelidade o livro, num enredo que nada desperdiça, nem na explicação dos crimes ou das relações (familiares e outras),  e que traz a lume uma ligação esquecida da nação sueca aos ideais nazis. 
Daniel Craig desempenha muito bema sua personagem, com a medida certa de impaciência e perseverança, de intensidade e desapego. E de inteligência também. A acompanhá-lo, um cast de vilões e amigos muito adequado na exibição de forças, fraquezas e vícios.
E depois há Rooney Mara. Confesso que tinha grandes reticências quanto à atriz, talvez por ter associado a Lispeth a imagem de Naomi Rapace. Não voltará a acontecer. A Lispeth de Rooney Mara é, ao mesmo tempo, de uma dureza assustadora e de uma inegável fragilidade. Quando diz "I am insane", acreditamos na sua vertente psicopata. Acreditamos, também, no seu sentido absoluto de justiça, feita com as próprias mãos, e na sua capacidade para resistir ao desespero da sua situação - mesmo quando encurralada.
Em súmula, uma óptima adaptação da obra de Stieg Larsson, que me faz aguardar com expectativa um seguimento, Millenium II e III, com a mesma maravilhosa Lispeth, assumindo de preferência um papel cada vez mais relevante.


1 comentário:

Telma disse...

Pelas críticas percebi logo que rea um grande filme, apesar de algumas não partilharem do meu entusiasmo. David Fincher é mestre no trabalho com fotografia em tons de cinza e a banda sonora de Trent Reznor é arrepiante...
Lembrou-me imenso o Fight Club toda a negritude lusco fusco...